Sugestão Inusitada: Flávio Bolsonaro Pede Ação Militar dos EUA Contra Barcos do Tráfico no Rio
Reações: Críticas à Soberania e Acusações de Distorção
Ricardo de Moura Pereira
10/27/20252 min read


Brasília – O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) gerou forte controvérsia e críticas da base governista e de opositores ao sugerir publicamente que os Estados Unidos (EUA) realizem ataques a embarcações suspeitas de tráfico de drogas na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. A manifestação, feita nas redes sociais, foi classificada por parlamentares como um "ataque à soberania nacional".
"Que Inveja!": O Apelo ao Secretário de Guerra dos EUA
A sugestão do senador surgiu em resposta a uma publicação de Pete Hegseth, Secretário de Guerra dos EUA no governo Donald Trump, que celebrava um ataque militar letal realizado no Oceano Pacífico contra um barco que, segundo as autoridades americanas, era operado por narcoterroristas.
Em um comentário feito em inglês, Flávio Bolsonaro expressou:
“Que inveja! Ouvi dizer que há barcos como este aqui no Rio de Janeiro, na Baía de Guanabara, inundando o Brasil com drogas. Você não gostaria de passar alguns meses aqui nos ajudando a combater essas organizações terroristas?”
A declaração rapidamente ganhou destaque e foi interpretada como um apelo direto a uma intervenção militar estrangeira em território brasileiro, ainda que para fins de combate ao narcotráfico. A ação dos EUA mencionada pelo secretário americano, que resultou na morte de indivíduos a bordo de embarcações, é parte de uma ofensiva recente no Pacífico e no Caribe, mas é criticada por governos da região e especialistas jurídicos.
Reações: Críticas à Soberania e Acusações de Distorção
A proposta de Flávio Bolsonaro foi recebida com forte repúdio por diversas alas do Congresso Nacional, que a interpretaram como um desrespeito à soberania brasileira e às Forças Armadas do país.
Ataque à Soberania Nacional: Parlamentares da base do governo Lula, como o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (PT-RJ), foram veementes na condenação. "O Brasil é um país soberano. Nós não somos colônia de ninguém. A pessoa defender que um país estrangeiro, os Estados Unidos, venha a bombardear navios, barcos aqui na costa do Brasil. Isso aqui é um absurdo", declarou Farias, que também acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) contra o senador.
Posicionamento do Senador: Em resposta à intensa repercussão, Flávio Bolsonaro negou que estivesse defendendo o bombardeio ou ataque de "bombas na Baía de Guanabara". Em vídeo publicado posteriormente, ele acusou a imprensa de distorcer sua fala e de "defender traficantes". O senador afirmou que sua intenção era apenas expressar sua "revolta" e o desejo de ver o mesmo rigor no combate ao crime organizado no Brasil.
O episódio recolocou no centro do debate a questão do combate ao crime organizado e a fronteira entre a cooperação internacional e a preservação da soberania nacional, além de intensificar a disputa política entre os grupos ligados a Lula e a Bolsonaro.