Sidney Oliveira, dono da Ultrafarma, preso em operação do MP de São Paulo
Vindo de uma família humilde, ele criou uma rede de farmácias que se dedica a oferecer medicamentos a preços acessíveis.
8/13/20253 min read


Aparecido Sidney de Oliveira, de 71 anos, empresário e fundador da Ultrafarma, é conhecido por ser o garoto-propaganda da empresa. Ele foi preso nesta terça-feira em uma operação do Ministério Público de São Paulo, que visa desmantelar um esquema de suborno a funcionários da Secretaria da Fazenda do Estado. A Justiça decretou a prisão temporária de Oliveira por um período de até cinco dias.
Estabelecida em 2000, a Ultrafarma foi uma das pioneiras na comercialização de medicamentos genéricos. A rede de farmácias ganhou notoriedade ao investir fortemente em publicidade televisiva, com Sidney destacando as vantagens de seus preços mais competitivos. Oliveira nasceu em Nova Olímpia, uma cidade no interior do Paraná, em uma família com dez irmãos. Vindo de uma família simples, iniciou sua trajetória profissional em uma farmácia local aos 9 anos e recebeu instrução de leitura e escrita pelo Movimento Brasileiro de Alfabetização de Jovens e Adultos, conhecido como Mobral.
Ainda no Paraná, ele criou uma rede que chegou a contar com 12 farmácias, porém vendeu o empreendimento e se transferiu para São Paulo, pois era complicado competir com outras redes no modelo de negócio convencional. Em São Paulo, fundou a Ultrafarma, uma empresa de vendas por telefone e internet, oferecendo preços acessíveis.
Em comerciais de televisão, passou a ser a face da Ultrafarma, promovendo ao público as vantagens dos medicamentos genéricos. Um diferencial de seu negócio era a constante manutenção de um canal de diálogo aberto com os clientes. Em várias entrevistas, o empresário expressou sua compaixão pelas pessoas carentes que não tinham acesso a medicamentos. Como resultado, ele decidiu criar uma rede de farmácias para fornecer produtos a preços mais acessíveis.
Oliveira já admitiu ser centralizador e workaholic. Uma das colaborações da Ultrafarma ocorreu com o Grupo Cimed, uma indústria farmacêutica brasileira, resultando no lançamento de medicamentos genéricos sob a marca Ultrafarma. O empresário, católico praticante, é pai de dez filhos provenientes de diferentes casamentos. Oliveira já passou por um processo judicial movido por uma de suas ex-esposas, Áurea Lima, que contestou a partilha dos bens e tentou removê-lo da direção da Ultrafarma.
Ao iniciar seu negócio, Oliveira foi acusado por seus concorrentes de estar envolvido em sonegação fiscal, fraudes administrativas e até receptação de carga roubada, alegações que ele sempre refutou. Ele sempre rejeitou as alegações, afirmando que, se fossem verdadeiras, já estaria preso.
No entanto, em 2007, o empresário começou a enfrentar um processo de sonegação fiscal, iniciado pela Fazenda Pública Estadual, na 2ª Vara do Foro de Santa Isabel. Ele também refutou essa acusação, afirmando que não havia sonegação de impostos na Ultrafarma, embora isso não reduzisse sua insatisfação com a alta carga tributária brasileira, conforme declarou em uma entrevista.
O empresário também foi processado por outros casos de sonegação fiscal. De acordo com o jornal Valor, em 2019, a Justiça Federal de São Paulo ordenou o bloqueio dos bens de Oliveira. Em uma entrevista de 2016, o empresário afirmou ao periódico que as alegações de sonegação eram resultado de uma "armação", uma resposta às políticas comerciais agressivas da Ultrafarma.
De acordo com pessoas familiarizadas com o negócio, a política comercial se fundamenta em negociações diretas com fornecedores para aquisição em grandes volumes. Com poucas lojas próprias e muitas licenciadas, a rede se destacou no comércio eletrônico. De acordo com a empresa, há mais de 1 milhão de clientes ativos e 15 mil produtos disponíveis no site.
Atualmente, a Ultrafarma conta com 1.500 funcionários e disponibiliza medicamentos, suplementos, produtos de higiene e beleza, além de serviços como tele-entrega, programas de fidelidade e descontos exclusivos, conforme informado no site. Em certos casos, os descontos superam 80% em comparação com a concorrência, ganhando a preferência dos consumidores das classes C e D.
Além disso, lançou sua própria linha de suplementos alimentares, promovida por celebridades como o jogador de futebol Neymar, o apresentador Edu Guedes e o ator Fúlvio Stefanini, entre outros.
Não existem dados públicos disponíveis sobre o faturamento da empresa, porém, no mercado, estima-se que a receita anual tenha ultrapassado R$ 1 bilhão nos anos recentes.
Concorrentes do mesmo setor, como a RD Saúde, anteriormente conhecida como Raia Drogasil, apresentam um faturamento significativamente maior do que o da Ultrafarma. Por exemplo, a RD Saúde, cujas ações são negociadas na B3, registrou uma receita de R$ 38 bilhões no ano passado, com um lucro de R$ 11,5 bilhões.
Fonte O Globo