Servidor público da CDHU detido por ataques a ônibus em São Paulo recebe R$ 11 mil, utilizou veículo oficial nas ações e afirmava querer 'salvar o Brasil'

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública, Edson Aparecido Campolongo é motorista do chefe de gabinete da CDHU e utilizou um veículo oficial fora do horário de expediente para realizar os ataques

Ricardo de Moura Pereira

7/24/20252 min read

Um servidor público detido por pelo menos 17 ataques a ônibus na região metropolitana de São Paulo recebeu cerca de R$ 11 mil líquidos no mês de junho, utilizou um veículo oficial durante as operações e afirmava ter a intenção de "salvar o Brasil". No entanto, a própria polícia declarou não acreditar nessa justificativa.

Edson Aparecido Campolongo, com 68 anos, é servidor concursado há mais de 30 anos na Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU). A instituição, que pertence ao governo de São Paulo, ainda não se manifestou sobre a situação. Ele teve sua prisão autorizada pela Justiça de São Paulo após ser identificado pela Polícia Civil. A equipe de reportagem não conseguiu entrar em contato com a defesa do acusado.

Os investigadores descobriram o servidor depois de perceberem, através de imagens de câmeras de segurança, que um veículo com a marca da CDHU havia sido registrado nos locais dos ataques em várias ocasiões na área do ABC Paulista.

Ao investigar, as autoridades constataram que o veículo pertencia a uma empresa de aluguel de automóveis, que o havia emprestado para a entidade do governo paulista.

A partir desse ponto, conseguiram encontrar Campolongo, que serve como motorista do chefe de gabinete da entidade. Ele frequentemente se deslocava para eventos do governo de São Paulo no interior, onde estavam presentes membros de alta hierarquia do Palácio dos Bandeirantes, incluindo o governador Tarcísio Gomes de Freitas.

Embora tivesse um caráter reservado e atencioso em encontros presenciais, Edson Campolongo era bastante ativo nas redes sociais, onde publicava conteúdos criticando o Supremo Tribunal Federal (STF) e o presidente Lula (PT), além de apoiar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Na CDHU, há um clima de choque e descrença após a detenção de Edson Campolongo. Todos afirmam que não esperavam pela prisão do motorista. Os funcionários relatam que o chefe de gabinete da CDHU chegou a se emocionar e precisou ser apoiado por colegas ao receber a informação da polícia sobre a relação do empregado com a instituição após tanto tempo.

O chefe de gabinete foi interrogado pelo delegado responsável pela investigação das agressões, mas foi descartada qualquer implicação dele nos incidentes. A principal hipótese da polícia é que o irmão do motorista, Sérgio Aparecido Campolongo, o tenha auxiliado em pelo menos dois dos ataques.

Na quarta-feira (23), Sérgio, que também teve sua prisão preventiva decretada pela Justiça, se apresentou à polícia. Na residência de Edson Campolongo, os agentes encontraram pedras e estilingues que supostamente foram utilizados nos ataques.