Retorno às origens para 2026 e período 'pós-Lula': quais são os riscos nas eleições do PT?

Segundo especialistas, o partido precisa escolher entre manter uma postura conciliatória ou voltar às suas raízes.

7/6/20252 min read

Neste domingo (6), o Partido dos Trabalhadores (PT) realizará eleições internas para escolher as novas presidências nacional e estaduais. O Processo de Eleições Diretas (PED) deverá reunir 1,3 milhão de filiados e decidir não apenas quem liderará o partido nos próximos quatro anos, mas também a direção que o PT deve seguir diante da possibilidade de uma era pós-Lula.

A presidência do partido será disputada por quatro candidatos: Edinho Silva, ex-prefeito de Araraquara; Rui Falcão, ex-presidente da sigla de 2011 a 2017 e deputado federal por São Paulo; Valter Pomar, historiador e dirigente do PT.

Edinho Silva, próximo a Lula e membro da corrente predominante do partido, é considerado um dos favoritos. Para especialistas, sua administração significaria a continuidade do que o partido se transformou, com a conciliação e a institucionalidade sendo os principais traços da gestão interna. Essa visão sobre a atuação do PT entra em conflito com Rui Falcão, que defende um retorno às raízes do partido, uma militância mais engajada e uma postura mais combativa.

“São duas candidaturas bastante parecidas, que diferem principalmente na maneira como o partido se estruturou para as eleições e na forma como trabalhou na construção de base e na militância”, avalia Claudio André de Souza, doutor em Ciências Sociais e professor da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab). A crítica de Rui Falcão a Edinho reflete a ideia de que o grupo majoritário que liderou o partido não deu a devida atenção à renovação e ao cuidado com as bases.

Maria do Socorro Souza Braga, doutora em Ciência Política e docente da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR), também compartilha dessa perspectiva. Segundo ela, é viável dividir as candidaturas em dois grupos políticos dentro do próprio partido: um mais à esquerda, com Rui Falcão e Valter Pomar, que buscam “se reconectar com as bases, se reestruturar e refletir também sobre a visão de mundo e a visão do sistema político no país”.

Claudio André de Souza indica que o que está em questão é a direção do partido no futuro. "Essa eleição marcará a entrada de novos grupos cuja missão será pensar no partido a longo prazo." Do ponto de vista do seu projeto político como partido, das suas táticas eleitorais e do processo de renovação das lideranças estaduais. O partido está focado nesse percurso que se avizinha, um percurso de transição”, analisa.

Se Lula concorrer à reeleição, as eleições de 2026 serão provavelmente sua última participação no pleito. Segundo Souza, uma preocupação constante é que o PT, na ausência de Lula nas eleições, se dissipe ou passe por um processo de diluição, tornando-se muito complicado para o partido definir estratégias que o mantenham forte nos estados.

"Há um grande receio atualmente, até mesmo em relação à possibilidade de uma vitória eleitoral de Lula em 2026." "Se perder, o que acontecerá com o partido?", questiona o cientista social. “Se Lula for reeleito em 2026, é claro que seu governo considerará uma perspectiva de coalizão que terá um impacto direto na sucessão.” Uma presidência conciliatória, como sugerido por Edinho Silva, seria favorecida por esse contexto.

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