Por que resgate era tão complexo ao resgatar a jovem brasileira?

Juliana Marins, 26 anos, brasileira que sofreu uma queda durante uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia, faleceu

Ricardo de Moura Pereira

6/24/20254 min read

A brasileira Juliana Marins, 26 anos, faleceu após sofrer uma queda durante uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia. A família dela confirmou a informação nas redes sociais, assim como o Itamaraty. Especialista aponta "amadorismo" na gestão do parque e afirma que o resgate levou tempo excessivo.

O geólogo admite que as condições climáticas pioraram o resgate, mas menciona o "amadorismo" do parque. Marcelo Gramani, da seção de Investigações, Riscos e Gerenciamento Ambiental do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), que colabora com a Defesa Civil de São Paulo, afirma que o parque deveria ter um plano —inclusive mais ágil— para lidar com situações como essa.

"Trata-se de um risco previsível. Não se pode afirmar que seja uma surpresa. Além disso, quando há um atrativo turístico em uma trilha, o responsável deve ter um planejamento". Para ele, o parque demorou muito para resgatá-la. Embora o acesso seja complicado, o encarregado do parque deve oferecer opções de resgate. "Já passou da hora de deixar alguém isolado", diz Gramani.

Segundo a mídia indonésia, o parque é um dos locais preferidos por alpinistas de todo o mundo. "O site do país Tempo afirmou que, apesar disso, seu terreno irregular e clima imprevisível costumam apresentar desafios extremos, até mesmo para alpinistas experientes."

Geólogo afirma que drones poderiam ter sido úteis na operação. Atualmente, os bombeiros dispõem de drones capazes de transportar boias em casos de afogamento. Portanto, um drone modificado poderia ter transportado alimentos para ela, porém não temos conhecimento se eles dispõem de equipamentos", afirma.

O local já registrou mortes de turistas. Em maio, um turista malaio de 57 anos faleceu no Rinjani após sofrer uma queda durante a escalada. De acordo com a BBC, em 2022, um português faleceu após cair de um penhasco no seu cume. Em 2012, um grupo de sete alunos faleceu durante uma escalada.

Viajantes ficam surpresos com os desafios das excursões pelo Rinjani. De acordo com depoimentos na plataforma TripAdvisor, as caminhadas e escaladas demandam um esforço físico considerável e apresentam riscos, principalmente devido aos ventos intensos. Por isso, os mais experientes só aconselham enfrentar o Rinjani se houver condicionamento físico, apesar de muitos reclamarem do que consideram falta de segurança e infraestrutura no parque.

Por que o resgate era tão complicado?

Especialistas apontam que as particularidades da região são os principais fatores agravantes. Ion David, especialista em segurança de trilhas e guia de turismo da Associação Veadeiros, em Goiás, declara que a área onde Juliana caiu era de difícil acesso devido ao relevo acidentado e às condições climáticas da região.

O resgate com helicóptero é viável, porém a presença de névoa impediu sua utilização. A administração do parque declarou que o governo local promoveu o uso do resgate aéreo, especialmente nas primeiras 72 horas após o ocorrido. No entanto, foi ressaltada a necessidade de um helicóptero específico, equipado com um guincho capaz de transportar pessoas e cargas para regiões de difícil acesso.

Não é um lugar que se chega a pé. Nesse caso, a equipe deve empregar cordas e técnicas verticais para chegar ao local. Outra situação que dificulta é o clima: há muita neblina. E não é possível visualizar nada. Normalmente, é preciso interromper o resgate no final da tarde, quando a neblina começa a se formar.

Drone poderia auxiliar no transporte de alimentos e bebidas para a brasileira. Contudo, David esclarece que o equipamento precisaria ser de um modelo específico para transportar os itens, o qual nem sempre está disponível para as equipes de resgate. "Talvez fosse possível usá-lo se eles tivessem um drone grande o suficiente para carregar esse tipo de peso", afirma.

O que aconteceu

A informação sobre o falecimento foi divulgada quatro dias depois das tentativas de resgate da brasileira. "É com profunda tristeza que comunicamos que ela não resistiu", declarou a família. Poucas horas antes, as equipes de busca do Ministério do Turismo do país afirmaram que ela estava em "estado terminal".

Ainda não se sabe se as equipes de busca prosseguirão com os esforços para recuperar o corpo. Sete socorristas se dirigiram à área onde a brasileira se encontra, porém montaram um acampamento móvel devido ao anoitecer. Hoje, a administração do parque divulgou a informação em suas redes sociais.

O governo brasileiro expressou pesar pela morte e comunicou que as equipes de resgate localizaram o corpo de Juliana. De acordo com a entidade, as "condições meteorológicas de solo e de visibilidade adversas" dificultaram as buscas.

Os parentes expressaram gratidão pelo suporte recebido nas redes sociais. Em quatro dias, o perfil criado para divulgar informações sobre o resgate da brasileira conquistou 1,5 milhão de seguidores.
O pai de Juliana está indo para Bali.

Manoel Marins anunciou nas redes sociais que estava deixando Lisboa em direção ao país asiático por volta das 8h (horário de Brasília). Ele chegou ao aeroporto em Portugal ontem, porém não conseguiu embarcar devido aos bombardeios do conflito entre Israel e Irã, que resultaram no fechamento dos aeroportos no Oriente Médio.