Por que Bolsonaro Pede o Fim das Sanções dos EUA ao Brasil?

Uma análise aprofundada dos motivos que levam o ex-presidente a buscar a suspensão de medidas punitivas e os impactos nas relações internacionais.

Ricardo de Moura Pereira

9/16/20252 min read

Apoiadores digitais de Bolsonaro estão intensificando os apelos por sanções dos EUA contra o Brasil. A pauta inclui sanções econômicas, como novas taxações, e sanções políticas, com a aplicação da Lei Magnitsky a outros membros do governo além do ministro do STF, Alexandre de Moraes. O deputado Eduardo Bolsonaro, que deixou o país em fevereiro para buscar o apoio de Donald Trump, reforçou essa narrativa. Em um de seus discursos, ele chegou a sugerir a intervenção militar dos EUA, mencionando o envio de caças F-35 e porta-aviões para o litoral brasileiro.

Apesar dos apelos por sanções, Jair Bolsonaro sinalizou que não quer mais nenhuma retaliação externa contra o Brasil. O motivo de sua mudança de postura se tornou evidente na última segunda-feira, quando o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, anunciou que novas medidas seriam impostas ao Brasil por causa da condenação de Bolsonaro. Embora os detalhes ainda não tenham sido revelados, a expectativa é que a Lei Magnitsky seja expandida para atingir mais figuras políticas, como os ministros Cármen Lúcia, Flávio Dino e Cristiano Zanin, a família de Alexandre de Moraes, e potencialmente Luís Roberto Barroso, Gilmar Mendes e o procurador-geral Paulo Gonet. Outra possibilidade levantada é o aumento de tarifas sobre as exportações brasileiras para os EUA.

É nesse contexto que se manifesta a estratégia de Jair Bolsonaro para impedir novas ações contra os juízes que o condenaram. Apesar das pressões externas, a visão em Brasília é que, caso o ex-presidente seja preso, um pedido de prisão domiciliar, que seria feito algumas semanas após sua entrada na prisão, provavelmente seria negado pelo STF. Em vista disso, esforços nos bastidores buscam resgatar um "acordo" feito secretamente no meio do ano, na tentativa de evitar o cenário da prisão. A data exata para o início do cumprimento da pena ainda não foi determinada.

O “acordo” amplamente discutido durante o Fórum de Lisboa, em julho, propunha que Bolsonaro fosse condenado e, após cumprir apenas duas semanas de pena na prisão, fosse transferido para prisão domiciliar. Essa negociação, no entanto, ocorreu antes que as sanções dos EUA se tornassem uma realidade e antes da intensificação dos ataques de seu filho, Eduardo. A Fórum revelou que, logo após o fórum, o “acordo” foi descartado, o que significa que Bolsonaro não teria mais a possibilidade de prisão domiciliar e teria que cumprir sua pena na cadeia.

Nas últimas semanas, a possibilidade de o STF, incluindo o ministro Alexandre de Moraes, ter "compaixão" de Jair Bolsonaro e conceder-lhe prisão domiciliar pouco tempo após sua prisão tem sido o centro das discussões. Contudo, essa chance, que já é remota, desapareceria completamente se os EUA impusessem novas sanções.

A Fórum confirmou que, caso novas retaliações internacionais sejam aplicadas contra o Brasil, o cenário seria ainda mais severo. Moraes e seus colegas não só recusariam qualquer pedido de prisão domiciliar, como também manteriam Bolsonaro na Papuda, seu maior receio. Nesse local, ele seria submetido a um regime rígido, mesmo que em uma cela individual e reservada.

Diante dessa situação, o ex-presidente condenado tem orientado seu filho e aliados a suspenderem os ataques contra o país e os ministros do Supremo. Ele está ciente de que, se as sanções se concretizarem, o custo pessoal para ele será alto.

Fonte - Revista Fórum