O peso da Paulista: Mobilização atrai 42 mil pessoas e reflete panorama político do Brasil
Estudo da USP utiliza metodologia avançada para calcular o público e oferecer um novo olhar sobre as manifestações.
Ricardo de Moura Pereira
9/21/20252 min read


Um protesto na Avenida Paulista, neste domingo (21), contra a PEC da Blindagem e o projeto de lei de anistia para os condenados pelos atos de 8 de janeiro, reuniu cerca de 42,4 mil pessoas. O dado é de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP).
A estimativa, realizada pela equipe do Monitor do Debate Político do Cebrap em colaboração com a ONG More in Common, foi calculada com base em imagens aéreas processadas por software. O número corresponde ao pico de público, registrado às 16h06, com uma margem de erro que varia entre 37,3 mil e 47,5 mil participantes.
Essa manifestação teve um público comparável ao do ato de 7 de setembro em São Paulo, quando 42,2 mil apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro se manifestaram em defesa da anistia, utilizando a mesma metodologia de contagem.
Veja como foi feita a medição da USP
Com base nas imagens aéreas, o estudo utilizou uma metodologia avançada para estimar o público. As fotos foram capturadas em quatro momentos distintos, sendo o pico de público às 16h06, quando 11 imagens cobriram a totalidade do evento.
Para a contagem, foi empregado o software Point to Point Network (P2PNet), uma tecnologia desenvolvida por pesquisadores da Universidade de Zhejiang, na China, e da empresa Tencent. Esse sistema utiliza inteligência artificial para identificar e marcar as cabeças das pessoas nas fotografias, fornecendo uma estimativa precisa do número de presentes.
O software, treinado com dados das universidades de Xangai e da USP, demonstrou alta performance, com precisão de 72,9% e acurácia de 69,5%. A margem de erro média é de 12%, o que significa que, para um público de 100 mil pessoas, a contagem final pode variar entre 88 mil e 112 mil.
O protesto, que se manteve pacífico, começou por volta das 14h, e foi convocado por movimentos de esquerda através das redes sociais, ocorrendo simultaneamente em outras cidades. Na Avenida Paulista, os manifestantes ocuparam ao menos quatro quarteirões. Embora duas pancadas de chuva tenham reduzido o público em alguns momentos, a adesão foi significativa.
Os participantes expressavam suas demandas com palavras de ordem, cartazes e placas contra a anistia. Um dos pontos altos do ato foi a exibição de uma bandeira gigante do Brasil, que contrastou com o protesto de 7 de setembro, quando apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro abriram uma bandeira dos Estados Unidos no mesmo local.
O cálculo da multidão foi feito a partir de 38 fotos aéreas, tiradas em quatro momentos distintos durante o evento: 14h10, 14h45, 15h22 e 16h06. Para a estimativa final, foram selecionadas 11 fotos, capturadas no horário de pico (16h06), que cobriram a totalidade da manifestação sem sobreposições.
O método empregado, chamado Point to Point Network (P2PNet), foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Zhejiang (China) em parceria com a empresa Tencent. Esse sistema utiliza inteligência artificial para analisar as imagens aéreas, identificando e marcando as cabeças das pessoas de forma automática. O software, treinado com bases de dados da Universidade de Xangai e da USP, consegue localizar cada indivíduo mesmo em áreas de alta densidade, garantindo uma contagem mais precisa.
O P2PNet possui uma precisão de 72,9% e uma acurácia de 69,5% na identificação de cada pessoa. Na prática, isso representa uma margem de erro média de 12%. Por exemplo, para um público estimado em 100 mil pessoas, o número real pode variar entre 88 mil e 112 mil.
Fonte - G1 - Notícias ICL