O PCC e a extrema direita. E o Nikolas Ferreira
O estilo e as ideias de Nikolas Ferreira se alinham com o perfil de líderes e figuras emergentes da extrema direita em diversos países.
Ricardo de Moura Pereira
9/17/20252 min read


Após ser associado ao PCC no caso conhecido como "imposto do pix", onde promoveu os interesses da organização criminosa em uma publicação que alcançou 200 milhões de visualizações, Nikolas Ferreira optou por intensificar sua estratégia. Ele agora convoca empresários para uma suposta "cruzada nacional" contra a "extrema esquerda", criando inimigos imaginários.
Ferreira pode ser visto como um reflexo da extrema direita global, na medida em que a falta de um projeto político coletivo é camuflada pela incitação ao ódio contra adversários específicos.
Há uma distinção importante entre indignação e ódio. A indignação é uma reação contra uma situação injusta, com causas geralmente impessoais. No entanto, a compreensão de lógicas impessoais é um nível de abstração que se perde na internet. Já o ressentimento transformado em ódio não exige elaboração racional. É mais eficaz e menos trabalhoso quando consegue mimetizar a raiva das pessoas em relação a situações que elas não compreendem e direcionar esse ódio para "pessoas" convenientemente selecionadas como inimigos.
Em um cenário de desinformação, é fundamental direcionar a agressividade para um objeto externo, evitando que a pessoa tenha que confrontar seu próprio fracasso. A dialética da radicalização se retroalimenta. É dessa manipulação da vulnerabilidade alheia que figuras como Nikolas Ferreira dependem.
Isso representa o domínio das emoções sobre a razão. Para um público que se sente desorientado e despolitizado após séculos de exposição a uma mídia duvidosa, e que sofre humilhações diárias sem entender suas causas, a capacidade de uma mensagem de esclarecer a realidade não é tão importante quanto o "teatro" e a encenação da revolta, frequentemente baseados em Fake News.
Percebendo a fragilidade do bolsonarismo após a prisão e condenação de seu líder, Nikolas Ferreira busca assumir a liderança desse movimento, independentemente da vontade da família de Bolsonaro. Ao mesmo tempo, ele intensifica a radicalização e a perseguição de pessoas por suas posições políticas, em resposta à acusação de ser "Nikolas do PCC". Essa postura é, em sua essência, fascista.
Nikolas usa o humor como uma ferramenta para suavizar seus ataques agressivos e sem limites. Contudo, ele compartilha o mesmo perfil de todos os oportunistas digitais que exploram o mercado de pessoas desesperadas e com raiva justificada, que buscam alguém que as represente. Para essas pessoas, não basta a proteção de seus interesses; elas precisam de alguém que personifique sua revolta e humilhação. Para quem tem muito pouco, isso já é uma grande conquista.
Fonte - Notícias ICL