"O Conselho do Palácio: Alcolumbre Sugere a Lula Articulação Prévia para Nomeação de Messias"

Senadores buscam diálogo direto com o Presidente antes de sabatina, indicando cautela do Congresso com o processo.

Ricardo de Moura Pereira

10/22/20253 min read

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva encontrou-se com Davi Alcolumbre (União-AP), presidente do Senado, na noite de segunda-feira (20). O foco da discussão foi a possível nomeação de Jorge Messias, o atual advogado-geral da União, para a vaga aberta no Supremo Tribunal Federal (STF) com a saída de Luís Roberto Barroso.

Fontes da área de articulação política do Palácio do Planalto indicaram que Alcolumbre aconselhou o governo a não divulgar a escolha antes de conversar com os senadores, especialmente com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

A equipe de Lula viu essa sugestão como uma atitude política cautelosa, que visa manter o bom relacionamento de cooperação entre os poderes Executivo e Legislativo.

Membros da articulação política revelaram que o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) sugeriu que o governo utilize o período da viagem de Lula à Ásia para trabalhar o tema junto ao Senado. O objetivo seria prevenir descontentamentos ou obstáculos políticos antes do anúncio.

A previsão é que, ao retornar ao Brasil na próxima semana, o presidente Lula dialogue pessoalmente com Pacheco e com seus ministros para, somente depois, oficializar a indicação de Messias.

O encontro no Palácio da Alvorada foi organizado por Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado e um dos principais elos de comunicação entre o Planalto e a Casa Legislativa. Segundo pessoas informadas sobre a negociação, Alcolumbre considerou que seria "mais apropriado" coordenar a indicação previamente com os líderes do Senado, em particular com Pacheco, que tem sido um parceiro nas recentes nomeações para a Suprema Corte.

A Decisão de Lula

Em declarações à CNN, o Senador Jaques Wagner expressou sua convicção de que o Presidente Lula já tomou uma decisão sobre a indicação de Messias. "Acredito que ele está com a convicção firmada", afirmou o senador.

Wagner confirmou que ele próprio orquestrou a reunião entre Lula e Alcolumbre e que se encontrou com o presidente na manhã desta terça-feira (21) para ser informado sobre o conteúdo da conversa.

"Ele [Alcolumbre] foi defender o nome do Pacheco [como possível candidato ao STF]. Se o presidente disse a ele: 'Mas eu já escolhi' ou 'ainda não escolhi', eu realmente não sei. Não gosto de me adiantar para não cometer erros, pois só será válido quando for oficial. Mas eu penso que ele já está com a convicção firmada [em relação a Messias]", explicou.

Formalização e Cenário Político

Conforme relatado por Wagner, o Presidente Lula tende a formalizar a nomeação para o Supremo Tribunal Federal somente após seu retorno ao Brasil e depois de um encontro presencial com Rodrigo Pacheco.

"Se ele não o fez agora, terá que fazê-lo na volta. Ele estava considerando, talvez, realizar [a indicação], mas ainda deseja ter uma nova conversa com Rodrigo. E é claro que, no momento em que fizer o anúncio, ele considera mais adequado estar aqui e não fazer a comunicação e partir", explicou o senador.

Internamente, o Palácio do Planalto avalia que a ausência do presidente durante a repercussão de uma decisão de tal importância poderia diminuir o impacto simbólico e político da nomeação.

Dessa forma, a escolha de Messias deve ser anunciada somente quando Lula estiver no país, possivelmente com uma entrevista coletiva e um gesto político bem planejado. Aliados veem o advogado-geral da União como um nome técnico e institucional, capaz de conquistar o apoio de diversas vertentes no Senado, incluindo os membros da oposição mais moderada.

Wagner também informou à CNN que Lula considera Rodrigo Pacheco o candidato ideal para a disputa pelo governo de Minas Gerais em 2026.

"A torcida do Alcolumbre pelo Rodrigo é pública, o que considero totalmente normal. O presidente continua convicto de que o melhor nome para a disputa pelo governo de Minas é Rodrigo. É evidente que ninguém é um candidato imposto; é preciso saber se ele aceita o desafio", disse o senador. Nos bastidores, essa declaração foi vista como um indicativo de que o governo busca proteger sua aliança política com o presidente do Senado, mesmo que Messias seja o escolhido para a vaga no STF.