Movimentos populares terão oportunidade inédita com líderes do Brics
Em entrevista ao Brasil de Fato, o representante brasileiro no diálogo com os chefes de Estado discute propostas e expectativas.
7/6/20252 min read


É inédito na história do Brics que movimentos populares, organizados pelo Conselho Popular do Brics, terão um espaço oficial para expor suas demandas diretamente aos líderes do bloco. A ação pioneira ocorrerá no próximo domingo (6), no Rio de Janeiro (RJ), durante a plenária da cúpula realizada sob a presidência brasileira do grupo em 2025.
Os representantes da sociedade civil terão três minutos para se dirigir diretamente aos presidentes dos países membros. João Pedro Stedile, brasileiro e membro da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), será o encarregado de representar o Conselho Popular do Brics. Ele será acompanhado de Raymond Matlala, conselheiro representando a África do Sul, e Victoria Panova, conselheira representando a Rússia.
Além do conselho popular, a presidência brasileira também permitiu a participação da Aliança Empresarial de Mulheres do Brics e do Conselho Empresarial do Brics, que também terão três minutos cada para se pronunciar na plenária.
A participação social ganha destaque sob a presidência brasileira
A inclusão da participação social na cúpula faz parte da iniciativa da presidência brasileira do Brics em 2024 para expandir a comunicação com diferentes setores da sociedade civil. Em abril, o governo já havia organizado uma reunião entre representantes populares e os chamados sherpas, que são diplomatas e negociadores de alto escalão responsáveis pela elaboração da agenda política do bloco. Atualmente, o ato se torna ainda mais evidente, com a inclusão das demandas populares diretamente na reunião com os líderes de Estado.
"O encontro é histórico porque estabelece um método", declarou Stedile ao Brasil de Fato. "Todos concordam que os desafios enfrentados pelos povos, especialmente no Sul Global, não serão solucionados somente por ações governamentais. Ou engajamos as pessoas, ou não conseguiremos vencer a pobreza e a desigualdade.”
A soberania alimentar, a industrialização dos países do Sul, a taxação de grandes fortunas, o controle dos paraísos fiscais, a desdolarização da economia global e o combate à crise climática por meio de medidas concretas, como desmatamento zero e regulação da mineração, são alguns dos assuntos que devem ser discutidos com os presidentes.
Estamos aqui no Rio de Janeiro para a primeira reunião do Conselho Popular dos Brics, o que a torna histórica. Na última reunião dos presidentes, realizada em Kazan, essa possibilidade foi estabelecida como regra. Por sugestão da delegação russa, foi incluída no documento a proposta de um espaço formal composto por representantes da sociedade civil. Esse espaço seria um Conselho Popular dos Brics, que também deveria se reunir com o mesmo propósito.
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