Lula pede fim do tarifaço e Trump diz que dois países vão 'se dar bem juntos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve uma videoconferência com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Ricardo de Moura Pereira

10/7/20253 min read

Na segunda-feira (6/10), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve uma videoconferência com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Lula solicitou a Trump a eliminação da taxa de 40% aplicada aos produtos brasileiros, bem como das restrições impostas contra autoridades brasileiras, incluindo a revogação de vistos e a imposição de sanções financeiras contra o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes.

De acordo com uma fonte do Palácio do Planalto consultada pela BBC News Brasil, a videoconferência foi realizada a pedido dos Estados Unidos. Segundo essa fonte, Lula foi quem propôs um encontro pessoal com Trump durante a conversa de segunda-feira. O presidente dos Estados Unidos teria concordado posteriormente.

Lula, então, propôs três opções para essa reunião. O primeiro acontecimento seria o encontro dos dois durante a cúpula da ASEAN, que ocorrerá na Indonésia no final de outubro. Lula confirmou que estará presente no evento. Trump ainda não anunciou sua visita ao país asiático. Uma segunda opção seria a remota presença de Trump na 30ª Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-30), que ocorrerá em Belém no mês de novembro.

Uma visita de Lula aos Estados Unidos seria a terceira opção. Segundo essa fonte consultada pela BBC News Brasil, é mais provável que o encontro na Indonésia ocorra de fato. A BBC News Brasil também confirmou que Trump não respondeu diretamente ao pedido de Lula para remover as tarifas, sanções econômicas e vistos para autoridades brasileiras, como o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, que é alvo da lei global Magnitsky.

O presidente dos Estados Unidos teria apenas afirmado que o assunto seria tratado pelas equipes técnicas dos dois países. Na semana passada, representantes de Trump procuraram os de Lula para realizar os ajustes necessários.

Uma nova conversa entre os presidentes era aguardada desde o encontro pessoal durante a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York, ocasião em que Trump afirmou ter havido uma "química excelente" entre eles. O Planalto declarou em um comunicado que a conversa durou 30 minutos e foi "amistosa", além de ter informado que os dois concordaram em se encontrar pessoalmente "em breve".

"O presidente Lula mencionou a possibilidade de um encontro na Cúpula da Asean, na Malásia; reafirmou o convite a Trump para a COP30 em Belém (PA); e também se ofereceu para viajar aos Estados Unidos." Trump não quis marcar uma nova data para o encontro, mas decidiu que as negociações devem prosseguir por meio de seus assessores.

Durante a conversa, Trump, de maneira amigável, mencionou que estava de mau humor na Assembleia da ONU devido a problemas com a escada rolante e o teleprompter, mas que sua interação com Lula foi um aspecto positivo: "Pelo menos a ONU serviu para alguma coisa", afirmou, conforme relatado pela mesma fonte.

Durante a conversa, Trump reconheceu que os Estados Unidos estão "sentindo falta" de certos produtos brasileiros impactados pelo aumento de tarifas, mencionando o café especificamente.
Trump afirmou ter tido "uma ótima conversa telefônica" com Lula ao comentar sobre o tema na rede Truth Social.

Abordamos diversos tópicos, mas o principal foi a economia e o comércio entre nossas nações. Tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, teremos novas conversas e nos reuniremos em breve. Gostei do diálogo — nossos países se entenderão muito bem!"

Representaram o Brasil o vice-presidente Geraldo Alckmin, os ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores), Fernando Haddad (Fazenda), Sidônio Palmeira (Comunicação) e o assessor especial Celso Amorim.

"O presidente Lula caracterizou a ligação como uma chance para restaurar as relações amistosas de 201 anos entre as duas maiores democracias do Ocidente", afirma o comunicado. "[Lula] lembrou que o Brasil é um dos três países do G20 com os quais os Estados Unidos têm superávit na balança de bens e serviços."

Além disso, de acordo com o Planalto, Trump nomeou o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, para continuar as negociações com o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), o chanceler Mauro Vieira e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT).
Alckmin afirmou que a conversa foi "boa, descontraída, proveitosa e longa" ao falar com jornalistas no início da tarde.

"Foi até melhor do que esperávamos, então estamos bastante otimistas de que vamos avançar", afirmou Alckmin.
"Vamos avançar para uma relação ganha-ganha, com investimentos mútuos e solução para a questão tarifária", afirmou.
"Agora, teremos suas consequências, com diálogos entre o presidente Lula e o presidente Trump, que até compartilharam seus números de telefone pessoal, além das equipes."

Fonte BBC Brasil