Lula confronta hegemonia do dólar: "EUA já deram golpe aqui e não vou desistir de trocar o dólar"
Em declaração contundente, presidente brasileiro critica poder político do dólar e defende desdolarização como caminho para a soberania econômica
Ricardo de Moura Pereira
8/4/20252 min read


Em um cenário global de crescentes tensões geopolíticas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou sua postura crítica em relação à hegemonia do dólar americano, sugerindo que a moeda é um instrumento de poder político. Em um evento recente, Lula fez uma declaração contundente que gerou ampla repercussão: “Os EUA já deram golpe aqui e não vou desistir de trocar o dólar”. A frase, carregada de simbolismo histórico e político, ecoa o sentimento de muitos líderes do Sul Global, que veem na desdolarização uma forma de garantir maior autonomia econômica.
A referência a "golpes" remete a eventos históricos controversos na América Latina, onde a influência dos Estados Unidos foi frequentemente sentida, alimentando a narrativa de que o poder econômico do dólar é inseparável de sua dimensão política e militar. Ao criticar o dólar, Lula não apenas questiona a sua função como moeda de reserva mundial, mas também a sua utilização como ferramenta de sanções econômicas, algo que afeta países como a Rússia, a China e, de maneira indireta, o próprio Brasil.
A busca por alternativas ao dólar é uma pauta central na política externa de Lula, que tem defendido a criação de uma moeda comum para o Mercosul e o fortalecimento de acordos comerciais em moedas locais com parceiros como a China. Essas iniciativas visam diminuir a dependência brasileira da moeda americana e, consequentemente, reduzir a exposição do país a flutuações cambiais e a sanções unilaterais.
Para o governo brasileiro, a dependência do dólar limita a capacidade do país de formular sua própria política econômica. A volatilidade do câmbio, por exemplo, impacta diretamente a inflação e a balança comercial. A visão de Lula é que um sistema financeiro internacional mais multipolar, com moedas de diferentes países assumindo papéis de maior relevância, seria mais justo e equitativo.
No entanto, a viabilidade e os desafios dessa transição são enormes. O dólar americano é a espinha dorsal do comércio e das finanças globais há décadas, com uma vasta infraestrutura de liquidez e confiança. Substituí-lo ou mesmo reduzir significativamente seu papel exigiria uma coordenação complexa entre diversas nações, além da construção de instituições financeiras robustas e alternativas.
As declarações de Lula, portanto, posicionam o Brasil de maneira assertiva no debate global sobre a ordem econômica. Ao mesmo tempo que busca uma maior inserção do país no cenário internacional, ele também articula uma crítica profunda e histórica ao sistema vigente. A "troca do dólar" é, nesse contexto, uma meta ambiciosa que busca redefinir o lugar do Brasil e do Sul Global em um mundo em constante transformação. A fala do presidente não é apenas um comentário econômico, mas uma declaração de intenções políticas que ecoa a busca por soberania em um mundo complexo.