Frágil trégua entre Irã e Israel
Embora os ataques contra Teerã tenham sido interrompidos, os objetivos de Israel e Estados Unidos ainda representam uma ameaça à estabilidade da região.
6/29/20252 min read


Na última segunda-feira (23), Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, declarou um cessar-fogo no conflito entre Irã e Israel. A declaração ocorreu após os ataques de Israel e EUA ao Irã, bem como a resposta iraniana contra bases americanas no Catar. Contudo, logo após o anúncio, ocorreram violações do cessar-fogo. Em seguida, Israel e Irã concordaram em suspender os ataques, resultando em uma redução da tensão.
A escalada da crise foi contida, e os três países envolvidos – Israel, Irã e EUA – anunciaram o fim das hostilidades, proclamando vitória em relação às ações militares. Entretanto, os efeitos geopolíticos da crise na área não asseguram a estabilidade.
A fragilidade da trégua se deve ao fato de que a aliança entre os EUA e Israel, durante o aumento do conflito, deixou evidente que o principal objetivo das operações militares era a derrubada do regime do aiatolá Khamenei e a eliminação do potencial nuclear do Irã. Washington e Tel Aviv não descartaram essas ameaças.
Nesse cenário, em entrevista ao Brasil de Fato, Fernando Brancol, docente de Relações Internacionais na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), não descarta a possibilidade de novos ataques de Israel em um futuro próximo. Além disso, ele acredita que a atual trégua na região é frágil, levando em conta a situação política no Oriente Médio e as razões de Israel para reverter o conflito ao seu início.
De acordo com o pesquisador, existem muitos sinais de que o atual estado de cessar-fogo pode não ser duradouro a longo prazo. Um desses aspectos é a condição de vulnerabilidade em que o governo iraniano se acha atualmente, levando em conta o debilitamento de grupos aliados como o Hezbollah, no Líbano, e o Hamas, em Gaza, especialmente após a derrubada de Bashar Al-Assad, na Síria. Essa situação teria deixado a posição de Teerã exposta a um ataque de Israel.
A declaração do ministro da Defesa israelense, Israel Katz, na última sexta-feira (27), deixou evidente essa ameaça. Ele afirmou que os ataques ao Irã durante a guerra de 12 dias foram “apenas uma prévia”. Ele afirmou ter dado instruções para que as Forças de Defesa de Israel (IDF) desenvolvessem um “plano de dissuasão contínuo” contra o regime de Ali Khamenei, líder supremo do Irã.
O Irã declarou que não tem intenção de retomar as negociações com os Estados Unidos sobre seu programa nuclear, contrariando o que foi anunciado por Donald Trump. "As negociações estão fora de questão por enquanto", afirmou Abbas Araghchi, ministro das Relações Exteriores do Irã. No comunicado, o ministro criticou a conivência dos Estados Unidos com Israel nas ações contra o Irã.