Diálogo em Malásia: Base Governamental Celebra Encontro Lula-Trump, Enquanto PL Adota Tom Crítico
Base Governamental Vê "Vitória do Diálogo". PL Critica e Ironiza o Resultado
Ricardo de Moura Pereira
10/27/20252 min read


Kuala Lumpur/Brasília – O encontro bilateral entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, realizado neste domingo (26/10) na Malásia, gerou reações polarizadas no cenário político brasileiro. Enquanto a base aliada do governo comemorou o retorno do diálogo de alto nível, parlamentares do Partido Liberal (PL) e outros apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro adotaram um tom de crítica e ironia.
Base Governamental Vê "Vitória do Diálogo"
A cúpula, focada principalmente na renegociação das tarifas americanas sobre produtos brasileiros, foi celebrada pelos membros do governo como uma vitória diplomática e uma demonstração de soberania nacional. Nas redes sociais, figuras de destaque da base aliada manifestaram entusiasmo:
- Alexandre Silveira, Ministro de Minas e Energia e senador licenciado, destacou que o Brasil retoma o diálogo com o mundo sob a liderança de um "verdadeiro estadista", focando na agenda econômica bilateral. 
- O senador Humberto Costa (PT-PE) descreveu o encontro como uma "vitória do diálogo" e da diplomacia brasileira. "Contra todas as expectativas, a soberania e o interesse nacional prevalecem. Presidente Lula se reúne com Donald Trump em um encontro cordial e produtivo," publicou. 
- O deputado Carlos Zarattini (PT-SP) foi mais incisivo, usando o momento para criticar a oposição, afirmando ser um "Péssimo dia para os traidores da Pátria", em referência direta ao deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). 
A tese central dos governistas é que o diálogo com a principal potência econômica mundial, em um momento de tensões comerciais e geopolíticas, é um passo fundamental para o país, desmentindo narrativas de isolamento internacional.
PL Critica e Ironiza o Resultado
No campo da oposição, especialmente entre os parlamentares do PL ligados à família Bolsonaro, a reunião foi recebida com ceticismo e forte criticismo. A estratégia adotada foi a de minimizar a produtividade do encontro ou, ainda, de transformá-lo em um palco de apoio a Jair Bolsonaro.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) ironizou o encontro ao sugerir que o presidente Lula teria se sentido incomodado com o tema Bolsonaro. Em publicação nas redes, insinuou que o ex-presidente teria sido discutido a portas fechadas.
Outros parlamentares bolsonaristas, como o deputado federal Coronel Chrisóstomo (PL-RO), capitalizaram os elogios que o presidente americano fez a Jair Bolsonaro em uma breve interação com a imprensa antes da reunião. Chrisóstomo escreveu que Trump teria "rasgado elogios a Bolsonaro na cara do Lula", sugerindo que o encontro não saiu conforme o esperado pelo lado brasileiro.
A crítica de parte do PL também se concentrou na alegada falta de resultados concretos imediatos. O deputado federal Evair de Melo (PP-ES), por exemplo, classificou o resultado como "nenhum acordo, nenhuma proposta, nada de concreto - apenas uma foto pra inglês ver", ignorando o acerto para o início imediato das negociações técnicas sobre as tarifas e sanções.
Apesar da polarização, o encontro entre Lula e Trump confirmou a determinação de ambos os governos em retomar as negociações diretas. A disputa política, no entanto, deverá se manter acesa à medida que as conversas avançam, com a base governista buscando capitalizar o sucesso diplomático e a oposição explorando qualquer sinal de discordância ou insucesso nas mesas de negociação.