Contra o trabalhador: 70% dos deputados são contrários ao fim da escala 6×1

Pesquisa mostra forte oposição no Congresso à proposta que permite a redução da jornada de trabalho sem diminuição salarial.

Ricardo de Moura Pereira

7/3/20252 min read

Uma pesquisa publicada pelo Instituto Quaest nesta quarta-feira (2) mostrou que a maioria dos deputados federais é contra o término da escala 6×1. De acordo com a pesquisa, 70% dos parlamentares são contrários à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que elimina a jornada de seis dias consecutivos de trabalho com apenas um dia de descanso.

A pesquisa da Quaest também revela que apenas 22% dos parlamentares são a favor do término da escala 6×1, ao passo que 8% não souberam ou optaram por não responder. O índice sobe para 92% entre os deputados opositores, enquanto 6% são favoráveis. A base governista também está dividida, com 44% dos parlamentares apoiando a proposta e 55% se opondo à PEC. Em relação ao grupo de deputados considerados "independentes", 74% se opõem à redução da jornada de trabalho, enquanto 23% apoiam a medida.

Quando a análise é feita por espectro político, os dados mostram que a PEC não possui maioria nem mesmo entre os partidos de esquerda, com 49% a favor e 49% contra; 2% não souberam ou não responderam. No centro, o apoio diminui para 27%, enquanto a rejeição à pauta permanece em 70%. Os 3% restantes não souberam ou não responderam. Entre os deputados de direita, a rejeição atinge 88%, enquanto o apoio representa apenas 10%. A porcentagem de pessoas que não sabem ou não responderam é de 2%.

A pesquisa entrevistou 203 deputados (40% do total da Câmara), utilizando uma amostragem definida com base em extratos regionais e posicionamento ideológico dos partidos. As entrevistas ocorreram entre 7 de maio e 30 de junho. A margem de erro prevista é de 4,5 pontos percentuais.

O projeto, proposto pela deputada federal Erika Hilton (Psol), tem sido a principal causa de mobilização dos movimentos populares e visa estabelecer uma jornada máxima de 36 horas semanais em quatro dias, com oito horas de trabalho mais uma hora de almoço por dia.

PEC está parada na Câmara

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que propõe o término da escala 6×1 foi apresentada em fevereiro de 2025, porém ainda não foi iniciada sua tramitação. A proposta modifica o artigo 7º da Constituição Federal, que aborda os direitos dos trabalhadores tanto urbanos quanto rurais.

Os defensores da PEC argumentam que a jornada de trabalho de seis dias seguidos afeta a saúde física e mental dos trabalhadores, especialmente em funções operacionais e serviços essenciais, que demandam longas horas e intenso esforço físico. Na justificativa da PEC, a deputada Erika Hilton declara que a proposta “representa um movimento mundial em direção a modelos de trabalho mais flexíveis para os trabalhadores, reconhecendo a necessidade de se adaptar às novas condições do mercado de trabalho e às exigências por uma melhor qualidade de vida para os trabalhadores e seus familiares”.

Por outro lado, os setores empresariais e seus representantes no Congresso afirmam que a eliminação da escala 6×1 afetaria a produtividade e os custos das empresas. A proposta de emenda constitucional (PEC) originou-se do movimento Vida Além do Trabalho (VAT), liderado pelo vereador carioca Ricardo Azevedo, do PSOL. Ele iniciou uma campanha nas redes sociais que arrecadou aproximadamente 1,5 milhão de assinaturas para um abaixo-assinado pedindo o término da atual carga horária de trabalho.