Brasileira nos EUA: 'Minha filha entrou no carro em lágrimas, com medo do ICE'
Após diversas prisões pelo Serviço de Imigração e Alfândega, a polícia prendeu um manifestante que impedia o acesso à garagem do Edifício Federal de Los Angeles
7/25/20252 min read


Com a iminência de deportações em larga escala e a atuação cada vez mais intensa do ICE, aumenta a quantidade de brasileiros que abandonam o trabalho, evitam sair de casa e alteram significativamente seus costumes nos Estados Unidos. O retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos reacendeu o medo entre imigrantes brasileiros em situação irregular. Durante as operações do Serviço de Imigração e Controle de Aduanas (ICE), os comércios estão vazios, o consumo diminuiu e há falta de trabalhadores em áreas fundamentais, como limpeza, construção civil e entregas.
Trump colocou em prática uma série de mudanças drásticas na política de imigração desde o começo de seu segundo mandato, priorizando a deportação de imigrantes indocumentados. Segundo o Departamento de Segurança Interna dos EUA, até novembro de 2024, havia pelo menos 38.677 brasileiros em processo de deportação, representando aproximadamente 2,7% do total de 1,45 milhão de estrangeiros com ordens definitivas de saída do país.
A comunidade brasileira nos EUA está entre as maiores da América Latina fora do país de origem. Aproximadamente 1,8 milhão de brasileiros residem nos Estados Unidos, com uma concentração significativa em estados como Flórida, Massachusetts, Nova Jersey e Califórnia. Muitos deles são trabalhadores de baixa renda, empregados nos setores de limpeza, construção civil, cuidados domiciliares e alimentação.
Com o progresso das políticas migratórias, entidades de apoio relataram um crescimento na procura por assistência jurídica, alojamentos temporários e suporte psicológico. De acordo com a ONG Mantena, em Newark (NJ), aumentou também a quantidade de pessoas que procuram renovar documentos brasileiros e que se preparam para um possível retorno.
"Há dias em que também não sabemos o que fazer", diz Rodrigo Godoi, diretor da Mantena, revelando que o clima de incerteza impacta até mesmo a equipe da empresa. "Embora tentemos permanecer tranquilos e transmitir segurança aos demais, também nos sentimos perdidos sobre para onde ir."
O pânico afeta até mesmo os procedimentos jurídicos. Existem situações em que o indivíduo comparece à audiência de deportação ou ao check-in e é detido ao sair. Isso gerou um ambiente de medo. Até quem deseja fazer tudo corretamente agora tem medo. "
Nos escritórios de advocacia, o efeito também é emocional. Estabelecemos um plantão disponível 24 horas por WhatsApp. Se o cliente enviar '911', interpretamos que ele está em contato com a imigração. "Jamais pensei em organizar algo assim", relata a advogada.
Fonte UOL