Brasil sem EUA: China é opção viável? Compreenda

Setores industriais impactados pela tarifa de Donald Trump tentam redirecionar suas exportações

Ricardo de Moura Pereira

7/14/20252 min read

Na quinta-feira (10), o presidente Lula (PT), defensor do multilateralismo, declarou que, caso os Estados Unidos não queiram comprar do Brasil, o governo buscará quem esteja disposto a fazê-lo. Segundo o presidente, a relação comercial com os Estados Unidos não é fundamental para a sobrevivência do Brasil. "Precisaremos proteger [o setor produtivo]. Teremos que buscar novos parceiros para adquirir nossos produtos. Em entrevista à TV Record, Lula afirmou: “O comércio entre Brasil e Estados Unidos representa apenas 1,7% do PIB [Produto Interno Bruto]. Não é essa situação em que não conseguimos sobreviver sem os EUA.”

Após Donald Trump anunciar a imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, empresários e o governo brasileiro estão em busca de opções para reduzir os efeitos, e a China, principal parceiro comercial do Brasil, surge como um possível destino para essa mudança.

Contudo, especialistas indicam que a China não é um substituto imediato para o tipo de produto que o Brasil envia para os EUA. As diferenças nas estruturas de demanda entre os dois países dificultam uma realocação ágil e eficaz.

As exportações brasileiras para os Estados Unidos se caracterizam pela variedade e por um elevado percentual de produtos manufaturados e bens intermediários. Aviões, autopeças, suco de laranja, café, aço semiacabado e produtos químicos estão entre os itens mais importantes.

Por outro lado, a pauta de exportações para a China é predominantemente composta por commodities agrícolas e minerais. Conforme informações do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), no período de janeiro a junho deste ano.

Embora haja restrições comerciais, a importância da relação política entre Brasil e China pode aumentar em meio ao aumento das tensões com os Estados Unidos. De acordo com especialistas, a China pode empregar seu poder de compra como instrumento diplomático, consolidando o Brasil como um aliado estratégico na América Latina.

No entanto, para os setores industriais brasileiros, não existem muitas opções viáveis no curto prazo. A resposta do governo brasileiro — que pode envolver retaliação tarifária — e o progresso das negociações diplomáticas com os Estados Unidos serão cruciais para atenuar os impactos econômicos da ação.

Fonte - Notícias ICL