Bolsonaro inimigo do povo brasileiro
A mobilização na Avenida Paulista, localizada em São Paulo, atraiu um número maior de participantes do que o protesto “Justiça Já”, organizado pelo ex-mandatário Jair Bolsonaro (PL)
Ricardo de Moura Pereira
7/11/20252 min read


Centenas de milhares de cidadãos tomaram as ruas em várias cidades do Brasil na noite desta quinta-feira, dia 10, em protestos pela eliminação da escala 6×1 e pela tributação dos muito ricos. Os protestos ganharam impulso após a decisão do presidente norte-americano, Donald Trump, de aplicar uma taxação de 50% nos produtos brasileiros, fazendo com que a questão da soberania nacional se tornasse central na discussão.
Na cidade de São Paulo, aproximadamente 15 mil manifestantes se reuniram na avenida Paulista. Em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, a mobilização ocorreu na manhã desta quinta-feira na Esquina Democrática. No Rio de Janeiro, centenas de pessoas se aglomeraram no final da tarde na Praça XV, localizada no centro. Em Minas Gerais, o ponto de encontro foi na área da Praça Sete, no coração de Belo Horizonte.
O evento na avenida Paulista, localizada em São Paulo, atraiu um número maior de pessoas do que a manifestação “Justiça Já”, que foi organizada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no dia 29 de junho, também na mesma Paulista. Conforme medição realizada pelo Monitor do Debate Político do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), vinculado à Universidade de São Paulo (USP), o ato de esquerda contabilizou 15,1 mil participantes no pico, por volta das 19h30.
As manifestações promoveram a defesa da soberania do país e abordaram as questões do Plebiscito Popular 2025, como a taxação dos extremamente ricos, a justiça social e a diminuição da carga horária de trabalho. Entre os gritos de ordem, "Congresso inimigo do povo" foi um dos mais frequentes durante o ato. De acordo com uma pesquisa realizada pela AtlasIntel, 58% dos participantes manifestaram apoio à denominada “taxação BBB” — que refere-se a bilionários, bancos e apostas online.
Tensão comercial entre Brasil e Estados Unidos
Estamos nas ruas para afirmar que bilionários, banqueiros e apostadores devem, sim, arcar com impostos", declarou Ediane Maria, deputada estadual de São Paulo e representante do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), que estava na avenida Paulista. "Quando a classe trabalhadora, quando uma mulher negra, quando uma mãe solo, quando um educador, quando uma empregada doméstica, quando quem não tem moradia, tiver direitos assegurados neste país, aí estaremos realmente avançando rumo à reparação histórica."
Mesmo antes do anúncio de Donald Trump sobre uma tarifa de 50% em produtos importados do Brasil, as manifestações refletiram a revolta com a interferência no país. Trump justificou a sua decisão, apontando para uma suposta “injustiça” comercial e criticou o Judiciário brasileiro, caracterizando o processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro como uma “caça às bruxas” e acusando o Brasil de impor ordens de censura a plataformas digitais.
Apesar das críticas, informações oficiais mostram que os Estados Unidos têm mantido um superávit de mais de 400 bilhões de dólares em seu comércio com o Brasil nos últimos 15 anos. Em reação, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reiterou a autonomia das instituições brasileiras e lembrou da Lei de Reciprocidade Econômica, que foi aprovada em abril e permite que o governo tome medidas semelhantes.