Afeganistão sofre com terremoto devastador: o que se sabe sobre a tragédia?

Mais de 800 mortos e milhares de desabrigados. Entenda a situação humanitária e os desafios de resgate na região.

Ricardo de Moura Pereira

9/1/20253 min read

Um forte terremoto de magnitude 6.0 abalou o leste do Afeganistão, deixando mais de 800 mortos e 2.700 feridos, conforme as autoridades locais. O tremor principal foi seguido por cinco réplicas sentidas a centenas de quilômetros de distância.

Segundo o Centro Geológico dos Estados Unidos (USGS), o epicentro do terremoto foi localizado a apenas 8 km de profundidade, a 27 km de Jalalabad, na província de Nangarhar, perto da divisa com a província de Kunar. O impacto mais grave foi em Kunar, levando o governo talibã a enviar helicópteros para o resgate.

O porta-voz do governo, Zabihullah Mujahid, informou que o balanço de vítimas incluiu 800 mortos e 2.500 feridos em Kunar, e 12 mortos e 255 feridos em Nangarhar. Para ajudar as áreas afetadas, o Ministério da Defesa realizou 40 voos para transportar ajuda e socorrer os sobreviventes.

Autoridades afegãs alertaram que o número de vítimas pode aumentar, já que as buscas continuam em áreas remotas. Os danos em Kunar foram classificados como "muito significativos". Em 2023, o Afeganistão já havia sofrido um grande terremoto em Herat, na fronteira com o Irã, que resultou em mais de 1.500 mortos.

"Nunca tínhamos vivido algo assim", relatou Ijaz Ulhaq Yaad, um oficial do distrito de Nourgal, em Kunar, à AFP. "Foi aterrorizante; as crianças e mulheres gritavam." A região afetada é de particular importância, pois muitas das vítimas são famílias de refugiados que voltaram recentemente do Paquistão e do Irã. Cerca de 2.000 famílias que retornaram planejavam reconstruir suas vidas nessa área rural próxima à fronteira paquistanesa.

Assistência emergencial às vítimas do terremoto

A ocorrência de tremores de terra no Afeganistão é comum, principalmente na cordilheira de Hindu Kush, onde as placas tectônicas da Eurásia e da Índia se encontram. O terremoto recente foi um dos mais violentos, com cinco tremores secundários, incluindo um de magnitude 5.2.

Além do terremoto, a província de Nangarhar foi atingida por inundações na noite de sexta-feira, que causaram a morte de cinco pessoas e a destruição de plantações. O Afeganistão, já devastado por quatro décadas de conflito, enfrenta uma crise humanitária que piorou com a redução da ajuda internacional desde a ascensão do Talibã ao poder. Essa situação dificulta a capacidade do país de lidar com desastres naturais.

Historicamente, o país tem sofrido com grandes tremores. Em 2015, um terremoto de magnitude 7.5 matou mais de 380 pessoas no Paquistão e no Afeganistão, com a maior parte das vítimas no Paquistão. Mais recentemente, em junho de 2022, um terremoto de magnitude 5.9 atingiu a província de Paktika, matando mais de mil pessoas e deixando dezenas de milhares desabrigadas.

Terremotos são frequentes no Afeganistão, especialmente na cordilheira de Hindu Kush, uma área de alta atividade sísmica por ser o ponto de encontro das placas tectônicas da Eurásia e da Índia. O terremoto de domingo foi particularmente severo e foi seguido por cinco réplicas, sendo uma delas de 5.2 de magnitude.

A província de Nangarhar também sofreu com inundações na noite de sexta-feira, que causaram cinco mortes e danos significativos a plantações. Após quatro décadas de guerra, o Afeganistão enfrenta uma grave crise humanitária, que se agravou com a diminuição da ajuda externa desde que o Talibã reassumiu o controle. Essa falta de recursos dificulta a capacidade do país de responder a desastres naturais.

Outros eventos sísmicos notáveis incluem:

  • Um terremoto de 7.5 de magnitude em 2015, que matou mais de 380 pessoas no Paquistão e no Afeganistão.

  • Um terremoto de 5.9 de magnitude em junho de 2022 na província de Paktika, que resultou em mais de mil mortes e deixou dezenas de milhares de desabrigados.