A Tempestade em Brasília, Motta vs Alcolumbre
Hugo Motta atropela Alcolumbre e acende estopim para nova crise entre Câmara e Senado.
Ricardo de Moura Pereira
9/20/20252 min read


A iniciativa do deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) de colocar em votação a urgência da anistia na Câmara dos Deputados gerou uma séria crise com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).
Nos bastidores, a percepção dos senadores é de que Motta desrespeitou Alcolumbre e ignorou um acordo prévio entre os dois. O combinado era que o debate começaria no Senado com um texto mais limitado, focado na diminuição das penas para condenados, e não em uma anistia geral.
A tensão aumentou porque o pacto também previa que a chamada PEC da Blindagem não seria discutida naquele momento para evitar um desgaste excessivo. Ao pautar os dois assuntos, Motta transferiu a pressão política para o Senado, colocando Alcolumbre em uma posição delicada. Aliados próximos relatam que ele não esconde o sentimento de traição por parte do presidente da Câmara.
A reação do Senado foi instantânea. Senadores como Renan Calheiros (MDB-AL), Omar Aziz (PSD-AM), Otto Alencar (PSD-BA) e até mesmo Damares Alves (Republicanos-DF) manifestaram oposição ao texto, indicando a formação de uma ampla frente de resistência. Em resposta, Alcolumbre reforçou a autonomia da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), sugerindo que o projeto tramitará no ritmo que o Senado considerar apropriado.
Fontes próximas a Alcolumbre revelam que sua irritação se deve, em parte, ao fato de que Motta teria prometido apoio a ele em conversas privadas nesta mesma semana, apenas para agir de forma oposta em seguida.
Para muitos parlamentares, essa manobra é similar ao episódio do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Naquela ocasião, Motta havia prometido um acordo com o governo em um dia e, no outro, rompeu a negociação, derrubando a medida e intensificando o conflito com o Planalto.
A percepção entre os senadores é que Motta estaria tentando demonstrar um poder que, na realidade, não possui. Isso tem gerado uma sequência de desgastes e impasses institucionais que, na visão do Senado, o colocam em uma posição de ter que "corrigir" as ações da Câmara dos Deputados.
A mensagem atual é clara: cada movimento unilateral de Hugo Motta aprofunda o abismo entre as duas Casas. A sensação generalizada é que ele segue um padrão de "traições" que tem caracterizado sua atuação política.