A crise da tarifa de Trump isola Tarcísio de Freitas na disputa eleitoral de 2026.

Analistas afirmam que a defesa apressada de Bolsonaro e o embate com Eduardo resultam em um prejuízo duplo para o governador

7/16/20252 min read

Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, tem enfrentado críticas tanto nos círculos da elite econômica quanto entre os bolsonaristas. Após a divulgação da carta de Donald Trump ameaçando o Brasil com tarifas, o governador paulista adotou uma reação rápida e precisou alterar seu discurso de forma ágil. Inicialmente, defendeu Bolsonaro e responsabilizou Lula pela tarifa; porém, após receber críticas, decidiu reconsiderar sua posição e passou a afirmar que a anistia não pode ser mais relevante do que a economia brasileira.

Tarcísio encontrou-se com o chefe da Embaixada dos Estados Unidos no dia 11 de julho e, no dia seguinte, elogiou a diplomacia brasileira, afirmando que as questões políticas devem ser deixadas de lado. "Precisamos estar unidos agora para resolver", afirmou.
O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) ficou irritado com o reposicionamento. Ele se mudou para os Estados Unidos em março para trabalhar com o governo Trump sob pressão pela anistia do pai, e isso colocou Tarcísio em conflito com o bolsonarismo. Eduardo usou os erros de Tarcísio como oportunidade para atacá-lo.

Na segunda-feira (14), o filho de Jair Bolsonaro afirmou que o governador foi “desrespeitoso” ao tentar negociar com representantes dos Estados Unidos sem consultá-lo previamente. "Tarcísio não tem interesse em costurar uma decisão por fora. Tarcísio precisa compreender que o filho do presidente está nos Estados Unidos e pode visitar a Casa Branca. Qualquer tentativa de nos dar bypass [atravessar] será brecada e freada”. Na terça-feira (15), Eduardo reiterou as críticas e acusou Tarcísio de “subserviência servil às elites”.

Segundo Paulo Niccoli Ramirez, cientista social e professor da ESPM, a movimentação de Tarcísio prejudica sua imagem de duas maneiras: primeiro, ao descontentar o mercado e a indústria ao priorizar a defesa de Bolsonaro em vez da economia; segundo, ao irritar os bolsonaristas por abandoná-los.

"É importante ressaltar que Tarcísio sempre se posicionou de forma ambígua quanto ao seu apoio ao bolsonarismo", lembra o docente. “Isso, antes de toda essa situação, já causava um certo desconforto na ala bolsonarista, especialmente na família de Bolsonaro, que nunca o considerou um nome confiável para herdar o capital político de Jair.”