A bebida com suspeita de adulteração intoxicação por metanol
O Estado de São Paulo noticiou 37 ocorrências de intoxicação por metanol, das quais 10 foram confirmadas e 27 estão em fase de investigação.
Ricardo de Moura Pereira
10/2/20252 min read


A intoxicação causada pelo metanol, resultante do consumo de bebidas alcoólicas adulteradas — como gin, vodca e whisky — já levou a internações severas, à cegueira e até a óbitos no estado de São Paulo nas semanas recentes.
De acordo com a última atualização da Secretaria Estadual de Saúde, publicada nesta quarta-feira (1°), foram contabilizados 37 casos em São Paulo, com 10 confirmados (cujo laudo demonstra a presença de metanol no corpo) e 27 ainda em investigação.
O metanol é um tipo de álcool empregado em diversas indústrias e é extremamente venenoso se consumido. Tem impacto negativo no fígado, cérebro e nervo ótico, o que pode resultar em cegueira, coma ou até mesmo letalidade. Além disso, pode causar problemas nos pulmões e nos rins.
Até agora, seis óbitos foram confirmados. Um deles foi claramente relacionado ao consumo de uma bebida contaminada. As outras cinco mortes estão sendo analisadas. Portanto, é imprescindível aguardar os resultados dos testes para determinar as condições em que a substância foi ingerida.
As autoridades ainda não tornaram públicos os nomes das vítimas, mas a TV Globo e o g1 conseguiram identificar alguns dos pacientes. A seguir, conheça as histórias de indivíduos cujas vidas foram drasticamente impactadas após ingeri bebidas falsificadas.
No dia 30 de agosto, Rafael Anjos Martins, de 28 anos, adquiriu duas garrafas de gin, juntamente com gelo de coco e uma bebida energética, em uma loja de bebidas situada na área da Cidade Dutra, na Zona Sul da cidade. Depois disso, ele se encontrou com quatro amigos em sua residência para uma comemoração. Nenhum deles suspeitou da falsificação.
Poucas horas após a ingestão, Rafael começou a sentir-se mal e foi rapidamente levado ao hospital. Os médicos executaram procedimentos para eliminar a toxina do fluxo sanguíneo, mas o metanol já havia danificado o cérebro e o nervo óptico.
Desde então, o jovem está em estado de coma, internado na Unidade de Terapia Intensiva de um hospital em Osasco, necessitando de suporte respiratório. Os amigos que consumiram a bebida contaminada em menores quantidades também enfrentaram problemas. Nathalia Carozzi Gama comunicou à TV Globo que sua visão foi prejudicada.
"As coisas estavam com um contraste intenso e eu sentia falta de ar, um desconforto, um peso no corpo. Eu fui ao hospital, fizeram os exames e descobriram que eu havia ingerido metanol,” contou.
Uma designer de interiores chamada Radharani Domingos, de 43 anos, ficou sem visão após ingerir três caipirinhas feitas com vodca em um bar chamado Ministrão na Alameda Lorena, uma área privilegiada de São Paulo. O estabelecimento foi fechado.
Ela foi hospitalizada na UTI, onde teve convulsões e precisou ser submetida a intubação, mas teve alta para um quarto nesta segunda-feira (29).
“Era uma área de classe alta, não era um bar simples. Isso causou um grande impacto. Não estou vendo nada,” declarou Radharani ao Fantástico. No local, a polícia confiscou cerca de 100 garrafas de bebidas alcoólicas suspeitas de terem sido adulteradas.
Conforme informou sua irmã, Lalita Domingos, ainda não se sabe quando ela poderá receber alta. "O oftalmologista iniciou tratamentos para tentar recuperar a visão, mas ela [visão] continua comprometida. Estamos esperando que algo mude."