Escândalo no Rio de Janeiro: Pagamentos a Laboratório Continuam Após Infecções por HIV

 Um novo escândalo abala o sistema de saúde do Rio de Janeiro. A Fundação Saúde do Estado do Rio de Janeiro continuou efetuando pagamentos ao laboratório PCS Lab Saleme mesmo após tomar conhecimento de que laudos incorretos emitidos pela empresa resultaram na infecção por HIV de seis pacientes transplantados. A revelação levanta sérias questões sobre a gestão pública e a responsabilidade na prestação de serviços de saúde.

Segundo reportagem do G1  a Fundação Saúde pagou R$ 857 mil ao laboratório durante o mês de setembro, período posterior à confirmação das infecções em 10 de setembro. A Secretaria Estadual de Saúde foi alertada quando um paciente transplantado apresentou sintomas neurológicos e testou positivo para HIV, apesar de não ter o vírus antes do transplante realizado em janeiro.


A Fundação Saúde justifica os pagamentos como referentes a "despesas realizadas em meses anteriores", alegando que as faturas já haviam sido emitidas antes da instauração de uma sindicância interna, iniciada em 7 de outubro. No entanto, documentos obtidos pelo G1 mostram notas fiscais totalizando 218.668,94, cobre exames realizados em julho e foi rubricada em 2 de outubro. Outro documento, o SEI85239326, encaminhado em 9 de outubro, com a nota fiscal 51387 (R$ 40.613,97), também se refere a serviços prestados em julho e, segundo a Fundação, não foi pago devido à suspensão do contrato.


A investigação sobre o caso se estende além dos pagamentos questionáveis. O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro. abriu inquérito para apurar possíveis irregularidades na contratação do PCS Lab Saleme pelo governo estadual. A investigação incluirá a análise de danos causados pelo serviço inadequado e possíveis irregularidades na licitação, considerando os laços familiares entre um dos sócios do laboratório, Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira (primo do ex-secretário de Saúde, Doutor Luizinho), e o ex-secretário. Walter Vieira, outro sócio casado com a tia de Doutor Luizinho, foi preso, e Matheus foi alvo de busca e apreensão. 


A irmã de Doutor Luizinho, Débora Lúcia Teixeira, trabalha na Fundação Saúde.

Entre 2022 e setembro de 2024, o valor total empenhado pela Secretaria de Saúde em contratos com o PCS Lab foi de 21,5 milhões, sendo que 19,6 milhões já foram pagos.  Os primeiros pagamentos, feitos em agosto de 2022, ocorreram antes mesmo da existência de um contrato formal.


Este caso destaca a necessidade de maior transparência e rigor na gestão pública, especialmente no setor da saúde, e ressalta a gravidade das consequências da negligência e possíveis irregularidades na contratação de serviços essenciais. A investigação em curso precisa esclarecer completamente os fatos e responsabilizar os envolvidos.

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