Caracas, 10 de agosto de 2024 - Analistas políticos apontam que o chamado "voto calado" dos eleitores venezuelanos foi um fator decisivo para a manutenção de Nicolás Maduro no poder após as últimas eleições no país.
De acordo com especialistas ouvidos, muitos cidadãos optaram por não expressar abertamente seu voto de oposição ao governo, com receio de possíveis represálias. Esse comportamento, conhecido como "voto calado", teria sido crucial para a vitória de Maduro, mesmo diante de acusações de fraude eleitoral e de uma participação limitada da oposição.
"O 'voto calado' reflete o clima de medo e intimidação que muitos eleitores enfrentam na Venezuela. Eles temem sofrer consequências caso revelem seu verdadeiro posicionamento político", explica Ana Gomes, professora de Ciência Política da Universidade Simón Bolívar.
Além do "voto calado", outros fatores também contribuíram para a vitória de Maduro, segundo os especialistas. O uso da "máquina da transferência social" do governo, com a distribuição de subsídios e outros benefícios, foi essencial para mobilizar a base chavista e garantir sua lealdade nas urnas.
"O chavismo conseguiu se manter no poder graças a essa rede de assistência social, que gera uma dependência dos eleitores em relação ao governo", avalia o cientista político Juan Pérez.
A fragmentação e a falta de liderança unificada na oposição venezuelana também foram apontadas como fatores que contribuíram para a vitória de Maduro. "O presidente soube se posicionar como o único polo de estabilidade em meio a esse cenário de divisão da oposição", destaca a analista María Gómez.
No entanto, os especialistas ressaltam que a legitimidade do processo eleitoral é questionável, devido às restrições impostas à participação da oposição e às denúncias de irregularidades. "Mesmo com o 'voto calado' e outros fatores a seu favor, Maduro ainda não conseguiu resolver a grave crise política e econômica que assola o país", conclui Gomes.