Levantamento aponta resistência da comunidade evangélica a influência religiosa na política
De acordo com uma pesquisa recente do Datafolha, a maioria dos fiéis evangélicos na cidade de São Paulo é contra a prática de pastores indicarem em quem seus seguidores devem votar. O levantamento, realizado entre os dias 5 e 6 de julho, mostra que 58% dos evangélicos entrevistados rejeitam essa influência direta da liderança religiosa nas escolhas eleitorais.
"A pesquisa revela um sentimento de autonomia entre os evangélicos paulistanos, que não querem ter sua decisão de voto ditada por suas lideranças religiosas", afirma o sociólogo Marcos Nunes, especialista em religião e política. Apenas 39% dos evangélicos entrevistados disseram achar aceitável que pastores orientem seus fiéis sobre em quem votar. O restante, 3%, não soube opinar.
Essa rejeição à interferência direta das igrejas nas escolhas eleitorais contrasta com a forte presença política do segmento evangélico nos últimos anos. Diversas lideranças religiosas têm usado seus púlpitos para defender determinados candidatos e projetos políticos. "Há uma percepção, mesmo entre os próprios evangélicos, de que essa postura pode comprometer a independência do voto e a separação entre igreja e Estado", avalia Nunes.
O levantamento do Datafolha também revelou que 52% dos entrevistados evangélicos acreditam que a influência política dos líderes religiosos prejudica a democracia no país. Especialistas apontam que esse movimento de rejeição a uma orientação religiosa direta do voto pode indicar uma tendência de maior autonomia política dos fiéis evangélicos.
"Essa pesquisa mostra que, mesmo sendo um segmento com forte atuação política, os evangélicos também querem preservar sua liberdade de escolha", conclui o sociólogo.