Atualmente capaz de se reproduzir em água contaminada e de ocupar locais antes desfavoráveis para sua circulação
A dengue é uma doença viral transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti, que pode causar febre, dor de cabeça, dores no corpo e nas articulações, manchas vermelhas na pele e, em alguns casos, sangramentos e complicações graves que podem levar à morte.
O Brasil está enfrentando um surto de dengue em 2024, com mais de 1 milhão de casos e 214 mortes confirmadas até o final de fevereiro. O número de casos é quase cinco vezes maior do que o registrado no mesmo período de 2023, quando foram notificados cerca de 221 mil casos.
O surto de dengue no Brasil faz parte de um aumento global da doença, que afetou mais de 500 milhões de pessoas e causou mais de cinco mil mortes em 80 países em 2023, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Neste post, vamos explicar as principais causas, sintomas, formas de prevenção e tratamento da dengue, além de mostrar a situação atual da doença no país e as medidas que estão sendo tomadas pelas autoridades de saúde.
Quais são as causas do surto de dengue no Brasil?
O surto de dengue no Brasil está relacionado a vários fatores, entre eles:
- A circulação dos sorotipos 3 e 4 do vírus da dengue, que estavam menos presentes nos últimos anos e voltaram a infectar as pessoas que já tinham imunidade aos sorotipos 1 e 2.
- As condições climáticas favoráveis à reprodução do mosquito Aedes aegypti, como o calor excessivo e as chuvas intensas, possivelmente influenciadas pelo fenômeno El Niño.
- A baixa cobertura vacinal contra a dengue, que ainda é limitada a algumas regiões e faixas etárias do país.
- A falta de conscientização e mobilização da população para eliminar os focos do mosquito dentro e fora das residências.
Quais são os sintomas da dengue?
Os sintomas da dengue podem variar de acordo com a gravidade da infecção. Em geral, eles se manifestam entre três e sete dias após a picada do mosquito e duram cerca de uma semana. Os sintomas mais comuns são:
- Febre alta (acima de 38°C)
- Dor de cabeça
- Dor atrás dos olhos
- Dor muscular e nas articulações
- Náusea e vômito
- Perda de apetite
- Manchas vermelhas na pele
Em alguns casos, a dengue pode evoluir para formas mais graves, como a dengue hemorrágica ou a síndrome do choque da dengue, que podem causar:
- Sangramento pelo nariz, boca ou gengivas
- Dor abdominal intensa e contínua
- Vômito persistente
- Pele fria e úmida
- Alteração da pressão arterial
- Confusão mental ou perda da consciência
Esses sinais indicam uma emergência médica e requerem atendimento imediato em um hospital.
Como prevenir e tratar a dengue?
A melhor forma de prevenir a dengue é evitar a proliferação do mosquito Aedes aegypti, que também transmite outras doenças como zika, chikungunya e febre amarela. Para isso, é preciso:
- Eliminar ou tampar qualquer recipiente que possa acumular água parada, como pneus, garrafas, vasos, caixas d'água etc.
- Limpar periodicamente as calhas, ralos e piscinas
- Usar telas nas janelas e portas para impedir a entrada dos mosquitos
- Usar repelentes, roupas claras e compridas para proteger a pele das picadas
- Evitar o acúmulo de lixo orgânico ou reciclável que possa servir de criadouro para os mosquitos.
Além disso, existe uma vacina contra a dengue que está sendo aplicada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em crianças de 10 a 14 anos em nove estados e no Distrito Federal. A vacina é produzida pelo laboratório Takeda e protege contra os quatro sorotipos da doença. No entanto, a vacinação é restrita a essa faixa etária e a essas regiões por limitação de produção e distribuição do imunizante.
O tratamento da dengue é baseado no alívio dos sintomas e na hidratação do paciente. Não existe um medicamento específico para combater o vírus, mas é importante procurar um médico para fazer o diagnóstico correto e receber as orientações adequadas. Algumas recomendações são:
- Beber bastante água, sucos ou soro caseiro para evitar a desidratação
- Usar paracetamol para baixar a febre e aliviar as dores
- Evitar o uso de aspirina ou anti-inflamatórios, que podem aumentar o risco de sangramento
- Repousar e se alimentar bem
- Fazer exames de sangue periódicos para acompanhar a evolução da doença.
Como está a situação da dengue no Brasil?
O Brasil está vivendo uma epidemia de dengue em 2024, com mais de 1 milhão de casos e 214 mortes confirmadas até o final de fevereiro. O número de casos é quase cinco vezes maior do que o registrado no mesmo período de 2023, quando foram notificados cerca de 221 mil casos.
Seis estados já apresentam índices epidêmicos da doença, ou seja, mais de 300 casos para cada 100 mil habitantes. São eles: Acre, Minas Gerais, Paraná, Goiás, Espírito Santo e Rio de Janeiro. Outros 17 municípios decretaram situação de emergência em saúde pública por causa da dengue, entre eles o Rio de Janeiro e o Distrito Federal.
O Ministério da Saúde instalou um Centro de Operações de Emergência (COE) contra a dengue e outras arboviroses para coordenar as ações de combate e monitorar o avanço da epidemia. O COE conta com representantes das secretarias estaduais e municipais de saúde, da OMS, da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do Instituto Butantan.
Entre as medidas adotadas pelo COE estão:
- A distribuição de kits para diagnóstico rápido da dengue
- A capacitação de profissionais de saúde para manejo clínico dos casos
- A mobilização social para conscientizar a população sobre a prevenção
- A ampliação da vacinação contra a dengue em algumas regiões
- A intensificação das ações de vigilância epidemiológica e entomológica
- A articulação com outros setores para o controle ambiental dos focos do mosquito
O Ministério da Saúde também lançou um plano para eliminação de doenças e infecções que afetam as populações mais vulneráveis, como malária, doença de Chagas, sífilis, hepatite B e HIV. O plano prevê o fortalecimento das redes de atenção primária à saúde, a integração das políticas públicas e a promoção dos direitos humanos.
Conclusão
A dengue é uma doença grave que pode ser prevenida com medidas simples, mas eficazes. O surto de dengue no Brasil em 2024 é um alerta para a necessidade de intensificar as ações de combate ao mosquito Aedes aegypti e de ampliar o acesso à vacinação contra a doença.
É importante que cada um faça a sua parte para eliminar os possíveis criadouros do mosquito dentro e fora das casas, usar repelentes e roupas adequadas para evitar as picadas, procurar um médico em caso de suspeita da doença e seguir as orientações recebidas.
Também é fundamental que as autoridades de saúde mantenham o monitoramento constante da situação epidemiológica, garantam o diagnóstico rápido e o tratamento adequado dos casos, mobilizem a sociedade civil para a prevenção e invistam em pesquisa e desenvolvimento de novas vacinas e medicamentos contra a dengue.
Juntos, podemos vencer essa batalha contra o mosquito e proteger a nossa saúde e a dos nossos familiares e amigos.