Nikolas Ferreira, o novo presidente da Comissão de Educação da Câmara Municipal de Belo Horizonte, nunca apresentou um projeto sobre o tema em seus dois anos de mandato. O vereador do PRTB, que é aliado do presidente Jair Bolsonaro, foi eleito para o cargo na última quarta-feira (6) com 28 votos favoráveis e 9 contrários.
Ferreira é conhecido por suas posições polêmicas e conservadoras, como defender o uso de armas pela população, criticar as medidas de isolamento social contra a covid-19 e se opor ao ensino de gênero nas escolas. Ele também já foi alvo de processos por injúria e difamação contra autoridades públicas, como o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, e o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil.
Em seu site oficial, Ferreira afirma que sua principal bandeira é a educação, mas não especifica quais são suas propostas para a área. Segundo o portal da Câmara Municipal, ele apresentou 25 projetos de lei desde que assumiu o cargo de vereador em 2019, mas nenhum deles trata diretamente de educação. Entre os temas abordados estão a criação de um programa municipal de adoção de animais, a proibição de fogos de artifício com estampido e a instituição do dia municipal do voluntariado.
A reportagem tentou entrar em contato com o vereador por telefone e e-mail, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição. Em entrevista ao jornal O Tempo, Ferreira disse que pretende fiscalizar a aplicação dos recursos destinados à educação e combater a "doutrinação ideológica" nas escolas. Ele também afirmou que vai defender a volta às aulas presenciais na capital mineira, que estão suspensas desde março do ano passado devido à pandemia.
A eleição de Ferreira para a presidência da Comissão de Educação gerou críticas de entidades ligadas ao setor, como o Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais (Sinpro-MG) e a Associação dos Docentes da Universidade Federal de Minas Gerais (Adufmg). Em nota conjunta, as organizações afirmaram que a escolha do vereador representa um "retrocesso" e uma "afronta" à educação pública, laica e democrática. Elas também cobraram que a Câmara Municipal reveja sua decisão e respeite os princípios constitucionais da educação.