O ex-presidente Lula voltou a acenar à Venezuela em uma entrevista ao jornal argentino Página 12, na qual defendeu o diálogo com o regime de Nicolás Maduro e criticou as sanções impostas pelos Estados Unidos e pela União Europeia. A declaração de Lula causou preocupação entre seus aliados, que temem que ele se isole da comunidade internacional e perca apoio de setores moderados da sociedade brasileira.
Lula afirmou que a Venezuela é vítima de uma "guerra midiática" e que Maduro é um "líder popular" que enfrenta uma "oposição violenta". Ele disse que o Brasil deveria retomar o papel de mediador na crise venezuelana, como fez durante os governos do PT, e que a solução para o conflito passa pelo respeito à autodeterminação do povo venezuelano.
A posição de Lula contrasta com a do atual presidente Jair Bolsonaro, que reconhece Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela e apoia as pressões internacionais para a saída de Maduro. Bolsonaro também tem uma relação conflituosa com a Argentina, o principal parceiro comercial do Brasil na região, e com outros países sul-americanos.
Lula disse que, se voltar ao poder em 2022, pretende reconstruir as relações do Brasil com seus vizinhos e fortalecer os blocos regionais, como o Mercosul e a Unasul. Ele afirmou que o Brasil precisa ter uma política externa soberana e independente, que não se submeta aos interesses dos Estados Unidos.
A entrevista de Lula repercutiu entre políticos, analistas e diplomatas, que avaliam que o ex-presidente está cometendo um erro estratégico ao se aproximar de Maduro. Eles argumentam que a situação da Venezuela é insustentável, tanto do ponto de vista humanitário quanto econômico, e que o regime de Maduro viola os direitos humanos e a democracia.
Alguns aliados de Lula sugerem que ele modere seu discurso sobre a Venezuela e adote uma postura mais crítica em relação a Maduro. Eles temem que Lula perca a credibilidade internacional e o apoio de eleitores que rejeitam o autoritarismo e o populismo. Eles também alertam que Lula pode se distanciar de potenciais aliados na América Latina, como o presidente argentino Alberto Fernández, que tem uma posição mais equilibrada sobre a Venezuela.
G1