Um documento secreto do Kremlin revela que a Rússia está se preparando para um possível conflito armado com os países ocidentais, segundo o jornal britânico The Guardian. O documento, que teria sido elaborado em setembro de 2020, afirma que a Rússia considera a OTAN como uma ameaça à sua segurança e soberania, e deve estar pronta para responder a qualquer agressão.
O documento também sugere que a Rússia deve buscar alianças com países como China, Índia e Irã, para contrabalançar o poder dos Estados Unidos e seus aliados. Além disso, o documento defende que a Rússia deve aumentar sua influência na África, na América Latina e no Oriente Médio, através de cooperação econômica, militar e cultural.
O jornal The Guardian diz que teve acesso ao documento por meio de uma fonte anônima, que afirmou ser um ex-funcionário do governo russo. A fonte disse que o documento foi discutido em uma reunião de alto nível entre o presidente Vladimir Putin e seus principais assessores, em outubro de 2020. A fonte também disse que o documento reflete a visão estratégica da Rússia para os próximos anos, e que foi elaborado por um grupo de especialistas ligados ao Conselho de Segurança Nacional da Rússia.
O Kremlin não confirmou nem negou a autenticidade do documento, mas disse que se trata de uma "falsa notícia" e uma "tentativa de desestabilizar" a Rússia. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que o jornal The Guardian é conhecido por publicar "mentiras" sobre a Rússia, e que não há nenhum plano de guerra contra o Ocidente.
No entanto, alguns analistas consideram que o documento pode ser verdadeiro, ou pelo menos refletir o pensamento de alguns setores do governo russo. Eles apontam que a Rússia tem demonstrado um comportamento cada vez mais assertivo e hostil em relação ao Ocidente, como por exemplo, na anexação da Crimeia em 2014, na intervenção na Síria em 2015, no envenenamento do ex-espião Sergei Skripal em 2018, na interferência nas eleições dos Estados Unidos em 2016 e 2020, e na recente mobilização militar na fronteira com a Ucrânia.
Os analistas também afirmam que a Rússia tem buscado fortalecer seus laços com outros países que se opõem ao domínio ocidental, como a China, com quem realizou exercícios militares conjuntos em setembro de 2020. Além disso, a Rússia tem ampliado sua presença na África, na América Latina e no Oriente Médio, oferecendo ajuda humanitária, investimentos, armas e vacinas contra a covid-19.
Diante desse cenário, os países ocidentais têm expressado sua preocupação com as intenções da Rússia, e têm buscado aumentar sua cooperação e defesa coletiva. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que a Rússia é o maior desafio para a segurança do seu país, e que pretende dialogar com Putin para reduzir as tensões. O secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, disse que a aliança está pronta para defender seus membros contra qualquer ameaça, e que espera uma relação construtiva com a Rússia. O presidente da França, Emmanuel Macron, disse que é preciso construir uma nova arquitetura de segurança na Europa, que inclua a Rússia como um parceiro.
A questão é: será possível evitar uma guerra entre a Rússia e o Ocidente? Ou estamos caminhando para um novo confronto global?