Jair Bolsonaro, o presidente mais polêmico e controverso da história recente do Brasil, está enfrentando uma crise de popularidade e de legitimidade. Desde que assumiu o cargo em 2019, Bolsonaro vem acumulando desgastes e conflitos com diversos setores da sociedade, como a imprensa, o judiciário, o legislativo, os governadores, os movimentos sociais, os partidos de oposição e até mesmo alguns aliados.
A gestão de Bolsonaro foi marcada por escândalos de corrupção, denúncias de interferência na Polícia Federal, ataques à democracia e aos direitos humanos, desrespeito às medidas sanitárias contra a pandemia de Covid-19, que já matou mais de 600 mil brasileiros, e uma política econômica que gerou inflação, desemprego, fome e pobreza.
O resultado desse cenário foi uma queda vertiginosa na aprovação de Bolsonaro, que chegou a 22% em novembro de 2021, segundo o Datafolha. Além disso, Bolsonaro enfrenta mais de 130 pedidos de impeachment na Câmara dos Deputados, uma CPI no Senado que investiga sua responsabilidade na crise sanitária, e uma possível inelegibilidade para as eleições de 2022, caso seja condenado por crimes eleitorais.
Diante dessa situação, Bolsonaro parece cada vez mais isolado e sem saída. Suas tentativas de reverter o quadro têm sido infrutíferas ou contraproducentes. Por exemplo, Bolsonaro tentou se aproximar do centrão, um bloco parlamentar fisiológico e corrupto, para garantir apoio no Congresso. No entanto, essa aliança custou caro ao erário público e não impediu que Bolsonaro fosse alvo de críticas e pressões dos próprios aliados.
Outra estratégia de Bolsonaro foi radicalizar seu discurso e mobilizar sua base mais fiel nas ruas. No dia 7 de setembro de 2021, Bolsonaro convocou seus apoiadores para participarem de manifestações em defesa do seu governo e contra o Supremo Tribunal Federal (STF), que ele acusa de persegui-lo. No entanto, as manifestações não tiveram a adesão esperada e foram vistas como uma ameaça à ordem constitucional. Além disso, Bolsonaro teve que recuar e pedir desculpas ao STF após a reação negativa dos demais poderes e do mercado financeiro.
Por fim, Bolsonaro tentou se reaproximar do seu principal adversário político, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que lidera as pesquisas de intenção de voto para 2022. Em uma entrevista à revista Veja, Bolsonaro disse que estava disposto a conversar com Lula sobre o futuro do país e que reconhecia seus méritos no combate à fome. No entanto, essa declaração foi vista como um sinal de fraqueza e desespero por parte de Bolsonaro, que perdeu credibilidade junto aos seus eleitores mais radicais.
Assim, Bolsonaro parece estar em um beco sem saída na sua vida política. Seu governo está desgastado e sem apoio popular. Sua base parlamentar está insatisfeita e instável. Sua candidatura à reeleição está ameaçada e sem perspectiva. Sua imagem internacional está deteriorada e sem prestígio. Sua liderança está abalada e sem rumo. O naufrágio de Bolsonaro é uma tragédia para ele mesmo e para o Brasil. Mas também é uma oportunidade para que o país possa superar essa crise e retomar o caminho da democracia, do desenvolvimento e da justiça social.