O líder político argentino Javier Milei e o papa Francisco se encontraram nesta segunda-feira no Vaticano e tiveram uma conversa cordial e respeitosa, segundo fontes próximas aos dois. O encontro foi uma surpresa para muitos, já que Milei é um crítico ferrenho do pontífice e do peronismo, enquanto Francisco é visto como um defensor dos pobres e dos direitos humanos.
Milei, que se define como um liberal libertário, chegou a chamar Francisco de "traidor da pátria" e de "cúmplice do genocídio venezuelano" em ocasiões anteriores. Ele também acusou o papa de ser um "socialista fabiano" que quer implantar uma "nova ordem mundial" baseada no coletivismo e na tirania.
Francisco, por sua vez, nunca respondeu diretamente às provocações de Milei, mas já manifestou sua preocupação com o avanço do neoliberalismo e do individualismo na América Latina. Ele também defendeu o diálogo e a integração regional como formas de superar as crises políticas e sociais que afetam o continente.
O encontro entre os dois foi intermediado pelo bispo argentino Marcelo Sánchez Sorondo, que é amigo pessoal de ambos e que atua como chanceler da Pontifícia Academia das Ciências e da Pontifícia Academia das Ciências Sociais. Sánchez Sorondo disse que o objetivo da reunião foi "criar pontes" e "promover a paz" entre os diferentes setores da sociedade argentina.
Segundo ele, Milei e Francisco conversaram sobre temas como a situação econômica do país, a pobreza, a inflação, a dívida externa, a corrupção, a educação, a liberdade, a democracia, os direitos humanos e a ética. Eles também trocaram impressões sobre a pandemia de covid-19 e sobre as vacinas.
Sánchez Sorondo afirmou que Milei reconheceu o papel do papa como líder espiritual e moral de milhões de pessoas e que Francisco elogiou a inteligência e a sinceridade de Milei. Ele disse que os dois se abraçaram no final do encontro e que se comprometeram a manter o contato.
O bispo argentino disse que espera que o encontro sirva de exemplo para outros líderes políticos e sociais que estão em conflito ou em polarização. Ele disse que o diálogo é o único caminho para construir uma sociedade mais justa, fraterna e solidária.