O filho do presidente Jair Bolsonaro, Jair Renan Bolsonaro, foi indiciado pela Polícia Civil do Distrito Federal por suspeita de fraudar documentos para obter um empréstimo bancário de R$ 150 mil. Segundo a investigação, ele teria apresentado uma declaração falsa de imposto de renda e um comprovante de residência adulterado para conseguir o crédito em uma agência do Banco do Brasil em Brasília.
O inquérito foi concluído na última sexta-feira (9) e enviado ao Ministério Público do DF, que vai decidir se oferece ou não denúncia contra o filho do presidente. Jair Renan Bolsonaro pode responder pelos crimes de falsidade ideológica, uso de documento falso e falsificação de documento público, que somados podem resultar em uma pena de até 12 anos de prisão.
A defesa de Jair Renan Bolsonaro nega as acusações e diz que ele é vítima de perseguição política. Em nota, os advogados afirmam que o empréstimo foi solicitado de forma regular e que não há qualquer irregularidade nos documentos apresentados. Eles também alegam que a Polícia Civil do DF agiu com parcialidade e violou o sigilo da investigação.
O caso veio à tona em agosto do ano passado, quando a revista Crusoé revelou que a Polícia Civil do DF estava investigando a origem dos recursos usados por Jair Renan Bolsonaro para abrir uma empresa de eventos, a Bolsonaro Jr Eventos e Mídia. A empresa foi criada em dezembro de 2019, com um capital social de R$ 105 mil, e tem como sócio o advogado Paulo Emílio Catta Preta, que também defende o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) no caso das rachadinhas.
A reportagem da Crusoé apontou que Jair Renan Bolsonaro teria usado parte do dinheiro do empréstimo bancário para financiar a sua empresa. A Polícia Civil do DF então abriu um inquérito para apurar se houve fraude na obtenção do crédito. Durante as investigações, os policiais descobriram que os documentos apresentados por Jair Renan Bolsonaro tinham indícios de falsificação.
A declaração de imposto de renda, por exemplo, mostrava que ele teria recebido R$ 247 mil em rendimentos tributáveis no ano de 2019, sendo R$ 200 mil provenientes de uma empresa chamada GRP Serviços e Participações, da qual ele seria sócio. No entanto, a Receita Federal informou que não havia registro dessa empresa nem dessa declaração no sistema.
O comprovante de residência, por sua vez, era uma conta de luz em nome de Ana Cristina Valle, ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro e mãe de Jair Renan Bolsonaro. O documento tinha um endereço diferente do que constava no contrato social da empresa de eventos. Além disso, a conta de luz tinha um código de barras que não correspondia ao valor nem à data de vencimento informados.
A Polícia Civil do DF também ouviu testemunhas que confirmaram as suspeitas de fraude. Uma delas foi o gerente da agência bancária onde o empréstimo foi solicitado. Ele disse que Jair Renan Bolsonaro chegou ao banco acompanhado de um assessor parlamentar do senador Flávio Bolsonaro e que o crédito foi liberado sem a análise prévia dos documentos. Outra testemunha foi um funcionário da empresa GRP Serviços e Participações, que disse desconhecer a existência de Jair Renan Bolsonaro como sócio ou prestador de serviços da firma. Ele também afirmou que a empresa nunca pagou R$ 200 mil a ele nem a ninguém.
Diante das evidências, a Polícia Civil do DF concluiu que Jair Renan Bolsonaro agiu com dolo (intenção) ao apresentar documentos falsos para obter o empréstimo bancário e que ele causou um prejuízo ao Banco do Brasil e à União. O inquérito foi encaminhado ao Ministério Público do DF, que vai analisar se há elementos suficientes para denunciar o filho do presidente à Justiça.