Fontes dizem, que Lula se reúne pessoalmente com cinco candidatos à PGR

 


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu pessoalmente com cinco dos dez candidatos à Procuradoria-Geral da República (PGR) nos últimos dias, segundo fontes ouvidas pela BBC News Brasil. Os encontros ocorreram na sede do Instituto Lula, em São Paulo, e tiveram como objetivo discutir o papel do Ministério Público Federal (MPF) na defesa da democracia e dos direitos humanos, além de temas como a Operação Lava Jato e a situação dos presos políticos no país.

Lula, que está em liberdade condicional desde novembro de 2019, após passar 580 dias preso em Curitiba, tem manifestado interesse em participar do processo de escolha do próximo chefe do MPF, que deve ser definido até setembro deste ano pelo presidente Jair Bolsonaro. O ex-presidente defende que o cargo seja ocupado por alguém comprometido com a independência da instituição e com o respeito à Constituição.

Os candidatos que se reuniram com Lula foram: Luiza Frischeisen, subprocuradora-geral da República e atual vice-presidente do Conselho Superior do MPF; Mario Bonsaglia, subprocurador-geral da República e membro do Conselho Superior do MPF; Nicolao Dino, subprocurador-geral da República e vice-procurador-geral eleitoral; Antônio Carlos Fonseca da Silva, procurador regional da República e ex-secretário-geral do MPF; e Blal Dalloul, procurador regional da República e ex-secretário de cooperação internacional do MPF.

Todos eles integram a lista tríplice elaborada pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), que reúne os nomes mais votados pelos membros do MPF para ocupar a PGR. A lista foi entregue a Bolsonaro no dia 22 de junho, mas o presidente não é obrigado a segui-la. Ele pode escolher qualquer um dos mais de mil procuradores em atividade no país.

Segundo as fontes consultadas pela BBC News Brasil, os encontros com Lula foram cordiais e respeitosos, mas também marcados por divergências e críticas. Alguns candidatos questionaram o ex-presidente sobre sua postura em relação à Lava Jato, que o condenou em dois processos por corrupção e lavagem de dinheiro. Outros cobraram dele uma autocrítica sobre os erros cometidos durante seus governos e os de sua sucessora, Dilma Rousseff.

Lula, por sua vez, expôs sua visão sobre o papel do MPF na sociedade brasileira e defendeu que a instituição deve atuar como fiscal da lei e defensora dos interesses coletivos, sem se deixar influenciar por interesses políticos ou ideológicos. Ele também criticou o que chamou de "excessos" e "abusos" cometidos por alguns procuradores da Lava Jato, especialmente o ex-coordenador da força-tarefa em Curitiba, Deltan Dallagnol.

O presidente disse ainda que espera que o próximo procurador-geral da República seja capaz de dialogar com todos os setores da sociedade, inclusive com os movimentos sociais e as organizações não governamentais. Ele afirmou que não tem preferência por nenhum dos candidatos, mas que espera que eles sejam leais aos princípios democráticos e republicanos.

Os candidatos à PGR ouvidos pela BBC News Brasil confirmaram os encontros com Lula, mas não quiseram dar detalhes sobre o conteúdo das conversas. Eles disseram que se tratou de uma oportunidade de apresentar suas propostas e ouvir as demandas do ex-presidente, que é uma liderança política relevante no país. Eles afirmaram ainda que estão abertos ao diálogo com todos os segmentos da sociedade, independentemente de suas posições ideológicas.

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