News Nacional - Noticias do mês de novembro de 2023
A crise humanitária em Gaza, que já deixou mais de 200 mortos e milhares de feridos, coloca o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em uma situação delicada. Ele enfrenta pressões internas e externas para intervir no conflito entre Israel e o grupo Hamas, que controla a Faixa de Gaza.
Em entrevista à CNN Brasil, o professor de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (USP), Kai Lehmann, analisou o cenário político e diplomático envolvendo a escalada da violência na região. Segundo ele, Biden tem uma postura mais moderada do que seu antecessor, Donald Trump, que apoiava incondicionalmente Israel.
"Biden tem uma visão mais equilibrada, mas também não quer se envolver muito nesse conflito, porque ele tem outras prioridades, como a pandemia, a economia e a China. Ele quer evitar uma crise no Oriente Médio que possa desviar sua atenção desses temas", disse Lehmann.
No entanto, o professor afirmou que a situação humanitária em Gaza é tão grave que Biden não pode ignorar. "Ele está sendo pressionado pela opinião pública mundial, pela ONU, pela União Europeia e até por alguns setores do Partido Democrata, que defendem os direitos dos palestinos. Ele tem que mostrar alguma iniciativa para tentar um cessar-fogo", afirmou.
Lehmann explicou que Biden tem um canal de comunicação direto com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, mas não com o Hamas, considerado uma organização terrorista pelos EUA. Por isso, ele depende de mediadores, como o Egito e o Catar, para negociar uma trégua. O professor disse que o conflito atual é diferente dos anteriores, porque envolve não só a disputa territorial entre Israel e Palestina, mas também questões internas de cada lado. Em Israel, Netanyahu enfrenta uma crise política e tenta se manter no poder. Em Gaza, o Hamas disputa a liderança palestina com a Autoridade Nacional Palestina (ANP), que governa a Cisjordânia.
"Esses fatores internos dificultam uma solução pacífica, porque cada parte quer mostrar força e legitimidade perante sua população. Além disso, há uma polarização religiosa e ideológica muito forte, que impede um diálogo construtivo", avaliou Lehmann.
Para o professor, a única saída para o conflito é uma intervenção diplomática da comunidade internacional, liderada pelos EUA, que possa garantir um cessar-fogo duradouro e retomar as negociações para uma solução de dois Estados. "Sem isso, vamos continuar vendo ciclos de violência e sofrimento para os civis de ambos os lados", concluiu.
Fonte CNN Brasil