O presidente Jair Bolsonaro teria tentado proteger alguns de seus aliados políticos que estavam sendo investigados pela Polícia Federal, segundo o ex-ministro da Casa Civil Cid Gomes. Em sua delação premiada, Cid afirmou que Bolsonaro queria abrigar no Palácio da Alvorada pessoas que eram alvo de mandados de busca e apreensão ou de prisão preventiva. Segundo Cid, Bolsonaro alegava que essas pessoas eram vítimas de perseguição política e que ele não podia abandoná-las.
A delação de Cid foi homologada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin e divulgada pelo jornalista Aguirre Talento, do portal UOL. De acordo com o relato de Cid, Bolsonaro teria feito esse pedido em pelo menos três ocasiões, envolvendo diferentes investigados. Cid não revelou os nomes dessas pessoas, mas disse que se recusou a atender aos pedidos do presidente, alegando que isso seria uma interferência indevida na autonomia da Polícia Federal e um desrespeito ao Estado de Direito.
Cid disse ainda que Bolsonaro ficava irritado com as operações da Polícia Federal que atingiam seus aliados e que ele tentava obter informações privilegiadas sobre as investigações em curso. Cid afirmou que Bolsonaro chegou a cogitar a demissão do então diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, mas que ele o convenceu a desistir da ideia. Cid também relatou que Bolsonaro tinha uma relação conflituosa com o então ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e que ele o acusava de ser desleal e de vazar informações para a imprensa.
A delação de Cid pode trazer novos elementos para o inquérito que apura se Bolsonaro tentou interferir politicamente na Polícia Federal, aberto pelo STF a pedido de Moro, após sua saída do governo. O inquérito está sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes e ainda não tem data para ser concluído. Bolsonaro nega as acusações de Moro e diz que nunca interferiu na Polícia Federal.
Fonte - UOL Noticias