O terceiro mandato presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) completa 100 dias nesta segunda-feira (10). O período foi marcado por ações do governo para reativar programas sociais, como o Bolsa Família, e para enfrentar crises como os ataques golpistas aos três poderes e a situação dos indígenas Yanomami.
O presidente também se envolveu em atritos com o Banco Central pela taxa de juros e com o senador Sergio Moro, que lidera a oposição no Congresso. Além disso, Lula retomou a agenda internacional com viagens a países como Argentina, Chile, França e Rússia.
Ataques golpistas e crise Yanomami
Lula condenou a violência e convocou uma reunião de emergência com os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e do STF, Luiz Fux. No dia seguinte, reuniu governadores, ministros do governo e ministros do STF para uma caminhada simbólica pela Praça dos Três Poderes, em defesa da democracia.
Ainda em janeiro, o governo federal teve de lidar com outra crise: o agravamento da crise humanitária na Terra Indígena Yanomami, no norte de Roraima. Crianças e adultos Yanomami foram identificados com quadros graves de malária e desnutrição, além de casos de pneumonia e contaminação por mercúrio. A situação foi agravada pela invasão de garimpeiros ilegais na região.
O governo federal lançou a Operação Yanomami para retirar garimpeiros da terra indígena, destruir equipamentos, investigar a cadeia de comando dessas operações e garantir assistência aos indígenas. Passados dois meses, no entanto, ainda há registros de extração clandestina e resgate de crianças em condições críticas de saúde.
Falas polêmicas de Lula
O presidente também causou polêmica com algumas declarações que fizeram barulho na política e no mercado. Por exemplo, as críticas ao Banco Central e à taxa básica de juros (Selic), atualmente em 13,75% ao ano. O presidente chegou a dizer que poderia rever a autonomia do BC, concedida por Bolsonaro em 2020.
Lula também se envolveu em uma troca de farpas com o senador Sergio Moro (PSDB-PR), que lidera a oposição no Congresso e é apontado como possível candidato à presidência em 2026. Após uma operação da Polícia Federal que prendeu suspeitos de arquitetar assassinatos e sequestro de autoridades, Lula disse que via “armação” de Moro no caso.
Outra fala controversa foi sobre a pandemia de Covid-19. Em entrevista à CNN Brasil, Lula disse que “não tem medo” do coronavírus e que já pegou “tantas coisas piores” na vida. O presidente afirmou que não se vacinou contra a doença porque não quis “furar fila”, mas que pretende se imunizar quando chegar sua vez.
Articulação com o Congresso
Lula também teve de lidar com as demandas dos partidos aliados no Congresso, especialmente o Centrão, bloco formado por PP, PL, Republicanos, PSD e PTB. O presidente prometeu uma reforma ministerial para acomodar as siglas em troca de apoio às pautas do governo.
O PP deve ficar com o Ministério do Desenvolvimento Social, que engloba as políticas de assistência social, mas não o Bolsa Família, que foi transferido para a Casa Civil. O Republicanos deve assumir o Ministério da Cidadania, que cuida da cultura, do esporte e da juventude. O PL deve comandar o Ministério dos Transportes, que foi recriado a partir do Ministério da Infraestrutura.
A reforma ministerial também deve contemplar outras legendas, como o PSB, que deve ficar com o Ministério da Educação, e o PDT, que deve indicar o novo ministro do Trabalho e Previdência. A expectativa é que as mudanças sejam anunciadas até o fim desta semana.
Viagens internacionais
Os primeiros 100 dias de governo também serviram para Lula retomar a agenda internacional, que havia sido reduzida por Bolsonaro. O presidente fez cinco viagens oficiais a países como Argentina, Chile, França e Rússia.
O objetivo das viagens foi fortalecer as relações bilaterais, ampliar a cooperação em temas como meio ambiente, saúde e energia, e buscar apoio para a entrada do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Lula também participou de eventos multilaterais, como a Cúpula do Clima, convocada pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e a Cúpula Ibero-Americana, realizada na Andorra. O presidente se comprometeu a reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 50% até 2030 e a zerar o desmatamento ilegal até 2025.
Lula também se reuniu com líderes mundiais, como o papa Francisco, o presidente francês Emmanuel Macron e o presidente russo Vladimir Putin. O presidente buscou reafirmar o papel do Brasil no cenário global e defender a democracia, os direitos humanos e a paz.
Fonte - https://pt.wikipedia.org/wiki/Governo_Lula_%282023%E2%80%93presente%29
- https://www.cnnbrasil.com.br/tudo-sobre/governo-lula/
- https://www.bbc.com/portuguese/brasil-64082889