O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Mores, rejeitou na noite desta sexta-feira (28), o pedido do presidente Jair Bolsonaro de não prestar declarações pessoais à Polícia Federal. Foi por volta das 14h que o procurador-geral da República, Bruno Bianco, prestou depoimento na sede da Polícia Federal do Brasil. Na época, Bolsonaro ainda estava no Castelo do Planalto.
O ministro rejeitou recurso interposto pela Advocacia-Geral da União (AGU), mas não informou se marcaria nova audiência ou tomaria outras providências. Com isso, o presidente mais uma vez provocou o STF, especialmente o ministro Moraes, que o investigou em diversas investigações. Moraes decidiu no dia 27 que Bolsonaro deveria depor pessoalmente no inquérito das 14h desta sexta-feira, que apura se o presidente vazou informações sigilosas sobre o presidente “ao vivo”. No entanto, no início da tarde desta sexta-feira, a Advocacia-Geral da União (AGU) entrou com recurso no STF para impedir que Bolsonaro compareça a depoimento. Alguns minutos depois, Morez negou o pedido.
Moraes destacou na decisão desta sexta-feira que a AGU havia interposto recurso fora do prazo. Ele disse que o prazo para apelar contra a aceitação da declaração é 6 de dezembro. Aliás, o depoimento presidencial estava previsto para começar em 2021, mas a AGU adiou. O ministro disse ainda que ao contrário do que foi afirmado no recurso, Bolsonaro “concordou claramente com seu depoimento pessoal”. E concluiu que a mudança de posição constitui uma “barreira lógica” que surge quando as partes envolvidas em um processo ou investigação adotam ações que se contradizem.
"Comportamento processual contraditório não pode ser tolerado e está sujeito a restrições lógicas", disse Morez na decisão. Ele escreveu: "A mudança de identidade da pessoa sob investigação que explicitamente concordou em testemunhar diretamente enquanto 'respeitando os princípios de cooperação processual e boa fé' não elimina o preconceito resultante." Em recurso, a AGU pediu a revisão da decisão de Moraes ou, caso não fosse acatada, recurso ao plenário do STF para que a decisão do ministro fosse reformada. Oportunidade de não participar de depoimento investigativo".