Brasil e China deram novos passos para aprofundar a cooperação comercial, eliminando possível influência dos EUA nas transações entre os dois países. Na manhã desta quarta-feira (29/3), os dois países anunciaram a criação de uma “clearing house” (ou câmara de compensação). Usado para facilitar transações internacionais.
O ICBC (Banco Industrial e Comercial da China) é um banco que opera câmaras de compensação no Brasil, permitindo que empresários brasileiros e chineses transacionem e emprestem em yuan, não apenas em dólares como é o caso hoje entre os dois países. Como principal instituição financeira da China, o banco pode garantir que, se os empresários brasileiros decidirem negociar em renminbi, eles converterão instantaneamente seus lucros em reais.
“É uma opção para compensar o yuan em relação à moeda local, existem 25 moedas desse tipo no mundo, e reduz os custos de transação porque não usa o dólar”, disse Tatiana Rosito, secretária do Tesouro para Assuntos Internacionais. Nos últimos 13 anos, a China tem sido o maior parceiro comercial do Brasil. Até 2022, o volume comercial entre os dois países atingirá um recorde de US$ 150 bilhões. Em termos de balança comercial, o Brasil tem um superávit de US$ 29 bilhões, mas as vendas para a China são principalmente mercadorias, com os países asiáticos exportando mais produtos de valor agregado para o Brasil. A China quer reduzir essa lacuna, um dos motivos de ter feito exigências ao Brasil, negociadas em etapas nos últimos meses.
"O Brasil assinou um acordo para pagar em yuan, o que facilitará muito o comércio. Vamos buscar oportunidades de exportar commodities de alto valor agregado da China para o Brasil e do Brasil para a China." bairro nobre.
O anúncio foi recebido com pouco entusiasmo pelos empresários brasileiros. "Pelo menos é melhor do que dividir uma moeda com a Argentina", brincou um executivo do agronegócio brasileiro em Pequim. Segundo ele, ainda não há estimativas do potencial lucro ou prejuízo da empresa brasileira com a novidade. Segundo Rosito, os mecanismos adotados no Brasil são semelhantes aos que a China já estabeleceu no Chile e na Argentina. Os dois países compõem a Iniciativa do Cinturão e Rota (BRI). O programa de empréstimos e financiamento de infraestrutura de Pequim, cujas prioridades são: Garantir o “livre comércio” entre a China e seus parceiros.
A China tem insistido para que o Brasil participe da iniciativa BRI, um acordo que foi dividido dentro do governo brasileiro por ser mais um interesse político para a China do que uma grande oportunidade de expansão de negócios. -O Brasil já é o principal alvo dos investimentos chineses no mundo hoje.
A participação do Brasil na Iniciativa do Cinturão e Rota também levantou preocupações do governo Lula, que busca estreitar os laços com os Estados Unidos. Tanto a China quanto a Rússia buscam implementar mecanismos de negócios que eliminem o dólar como meio de pagamento, a fim de reduzir a influência econômica e política dos Estados Unidos no mundo e evitar possíveis sanções contra Washington.
Fonte BBC News