O presidente da Rússia, Vladimir Putin, realizou uma visita surpresa à cidade ucraniana de Mariupol no domingo (19 de março), em meio a fortes críticas das autoridades de Kiev e da comunidade internacional. Mariupol é uma cidade portuária na região de Donetsk, que está sob o controle das forças russas desde maio do ano passado, após uma invasão militar que desencadeou uma guerra sangrenta entre os dois países.
Putin chegou à cidade de helicóptero à noite e percorreu as ruas dirigindo seu próprio veículo, conversando com alguns moradores e visitando a filarmônica local. Segundo o Kremlin, a visita foi "muito espontânea" e visava avaliar os esforços de reconstrução da cidade, que foi devastada pelos bombardeios.
No entanto, para o governo ucraniano e seus aliados ocidentais, a visita foi um ato de "cinismo" e "falta de remorso" do líder russo, que é acusado de crimes de guerra pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) pela deportação de crianças em áreas ocupadas da Ucrânia.
O conselheiro presidencial ucraniano, Mikhailo Podoliak, chamou Putin de "criminoso" e "assassino" no Twitter e disse que ele voltou à cena do crime para admirar as ruínas da cidade e seus túmulos. O conselho municipal de Mariupol também condenou a visita como uma provocação e disse que Putin não quis ver à luz do dia a "cidade morta" por sua "libertação".
A visita a Mariupol foi a primeira viagem de Putin a uma área ocupada desde o início da guerra na Ucrânia em fevereiro de 2022. No dia anterior, ele havia visitado a Crimeia, península ucraniana anexada pela Rússia em 2014. As visitas ocorreram em um momento de alta tensão na região, onde os combates continuam apesar dos acordos de cessar-fogo assinados pelas partes em conflito.