O presidente Jair Bolsonaro reconheceu nesta segunda-feira (15) a possibilidade de se tornar inelegível e reiterou a declaração de que o país só terá eleições em 2022 com um voto impresso e auditável. Em entrevista à TV Bandeirantes, Bolsonaro afirmou que pode ficar impedido de disputar eleições caso o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) considere que houve irregularidades em sua campanha eleitoral de 2018.
"Se o TSE decidir que houve problemas na eleição, que o dinheiro foi mal utilizado, eu posso, sim, ficar inelegível", disse o presidente. Bolsonaro foi questionado sobre o depoimento do deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, na semana passada, em que o parlamentar afirmou que o presidente teria mencionado o nome da empresa VTCLog durante uma reunião no Palácio do Planalto.
A VTCLog foi a empresa responsável pelo contrato para transporte de vacinas do Ministério da Saúde. A suspeita é que tenha havido irregularidades no processo de aquisição das doses da Covaxin, vacina contra a Covid-19 produzida pela farmacêutica indiana Bharat Biotech. Bolsonaro nega as acusações.
O presidente também criticou o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Superior Tribunal de Justiça (STJ), que têm aberto inquéritos contra ele. "Estamos vendo aí, com todo respeito, um exagero do STF e do STJ em cima de mim", disse Bolsonaro. "Isso é uma arbitrariedade, não pode continuar assim".
Bolsonaro ainda defendeu a realização de uma auditoria nas eleições de 2018. "Sem uma contagem pública e transparente, não teremos eleições em 2022", disse o presidente.
A fala de Bolsonaro ocorre em meio à crise política que envolve o governo federal e a CPI da Covid-19. O presidente tem sido alvo de críticas por sua gestão da pandemia, que já deixou mais de 280 mil mortos no país, além de investigações sobre supostas irregularidades em seu governo, como a compra de vacinas e a interferência na Polícia Federal.