A bancada do Partido dos Trabalhadores (PT) na Câmara dos Deputados acionou o Ministério Público Federal (MPF) para que seja aberta uma investigação sobre o caso de espionagem envolvendo a Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Segundo reportagem do jornal O Globo, a Abin realizou monitoramento de 579 servidores públicos federais que participaram de eventos relacionados a sindicatos, movimentos sociais e partidos políticos entre 2017 e 2020.
Para o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), a ação da Abin configura uma "clara violação dos direitos constitucionais" e pode ter relação com o governo do presidente Jair Bolsonaro. "É uma atitude autoritária e antidemocrática que, a nosso ver, tem como objetivo perseguir e intimidar aqueles que lutam em defesa dos direitos do povo brasileiro", afirmou Pimenta em nota divulgada pelo partido.
Os deputados do PT também solicitaram que a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara convoque o diretor-geral da Abin, Alexandre Ramagem, para prestar esclarecimentos sobre o caso. Ramagem foi indicado pelo presidente Bolsonaro para assumir a direção da Polícia Federal em abril de 2020, mas teve sua nomeação suspensa pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
O líder do PT na Câmara, Bohn Gass (RS), destacou que a Abin não tem competência para monitorar cidadãos sem autorização judicial. "Essa é mais uma prova de que o governo Bolsonaro não respeita a Constituição e utiliza o aparelho do Estado para perseguir seus adversários políticos", disse o deputado.
Além do PT, outras siglas de oposição, como PSOL e PCdoB, também repudiaram a ação da Abin e pediram esclarecimentos sobre o caso. O Ministério da Justiça e Segurança Pública informou que irá apurar a conduta da agência de inteligência.