2 de Julho: Baianos saem às ruas de Salvador para comemorar a independência que pertence a todo o país
Os historiadores afirmam que as lutas pela independência da Bahia, com forte protagonismo popular, reescrevem a história do Brasil
7/3/20252 min read


“Nasce o Sol a dois de julho/Brilha mais que no primeiro/É sinal que neste dia/Até o Sol, até o Sol é brasileiro”. O hino ao 2 de julho, escrito pelo poeta e militar Ladislau dos Santos Titara, proclama: é dia de comemorar a Independência da Bahia. Titara, que esteve presente nas batalhas em Salvador que resultaram na expulsão definitiva das tropas portuguesas do Brasil em 1823, é lembrado por expressar em versos o espírito de uma luta que, segundo muitos historiadores, representa a verdadeira independência do país.
Em Salvador, as comemorações começaram às 6h da manhã desta quarta-feira (2) com a tradicional alvorada e queima de fogos no Largo da Lapinha. Às 8h, o início do desfile cívico foi marcado pelo hasteamento das bandeiras por autoridades e pela execução do hino nacional, com a presença de fanfarras, filarmônicas e grupos populares.
Milhares de pessoas percorreram o trajeto até o Terreiro de Jesus, no Pelourinho, encerrando a primeira etapa do desfile. As imagens do Caboclo e da Cabocla, que são símbolos do cortejo, são levadas em carros alegóricos durante todo o percurso, simbolizando a composição popular do exército que se manifestou contra as forças coloniais.
"O 2 de Julho não é apenas uma data; é um símbolo da batalha e da bravura do povo baiano, que começou aqui a jornada pela Independência do Brasil." Hoje, comemoramos nossa trajetória, nossa cultura e a determinação daqueles que nunca abandonaram a luta pela liberdade. “Viva a Independência da Bahia!”, exclamou o governador Jerônimo Rodrigues (PT) nas redes sociais.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) esteve presente no desfile e, em um ato simbólico, ergueu um cartaz com uma mensagem apoiando a taxação dos super-ricos. Na terça-feira (1º), Lula também enviou um Projeto de Lei ao Congresso Nacional propondo que o dia 2 de julho seja reconhecido como o Dia Nacional da Consolidação da Independência do Brasil.
Em um vídeo compartilhado nas redes sociais, o presidente destaca a falta de reconhecimento que a data ainda enfrenta na memória coletiva da sociedade. "Isso não é reconhecido na história, pois não consta nos livros didáticos brasileiros. A aprovação desse projeto vai mostrar para o Brasil inteiro que o povo baiano teve um papel importante na nossa independência, além de Dom Pedro.”
À tarde, o cortejo retomou o caminho ao 2º Distrito Naval, localizado no bairro do Comércio, onde ocorreu uma cerimônia cívica. Posteriormente, as festividades continuaram no Campo Grande, com o acendimento da pira do Fogo Simbólico. A programação oficial prossegue até as 21h30, com o Encontro de Filarmônicas sob a direção do maestro Fred Dantas, unindo músicos e comunidade em uma festividade cultural.
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) também participa das comemorações do 2 de Julho em Salvador. Leandro Santos, ativista do movimento e coordenador do Mãos Solidárias na Bahia, enfatiza a importância da participação popular nas lutas pela independência e a urgência em recuperar esse legado na história oficial.
"A história da independência do nosso país foi construída para conceder protagonismo e centralidade a um pequeno grupo da elite brasileira." Na verdade, a independência do Brasil foi conquistada nas ruas por indígenas, negros, vaqueiros e camponeses. “Quando a Bahia expulsa os portugueses, de maneira pioneira no Brasil, a partir desse conjunto de forças populares, fazemos o verdadeiro grito de independência do Brasil”, ressalta.